domingo, 11 de julho de 2010

XV Domingo do tempo Comum


Não tinha portagens, nem o 112 funcionava por ali, para responder a qualquer emergência. O traçado da estrada, que vai de Jericó a Jerusalém, é sinuoso arriscado, mostraram duas direcções diferentes, no mesmo caminho:

1. Primeiro, a direcção circular dos que giram e vivem a partir de si e para
si, seguindo espontaneamente os seus desejos, projectos e instintos. É o
caso dos ladrões ou o caso dos sacerdotes e levitas… e não vale a pena sujar as mãos.
Todos estes vêem o pobre Homem a partir de si. E é porque vêem assim, que passam ao lado. Estes só conhecem o sinal de sentido único: o do seu próprio interesse e satisfação!

2. Ao contrário, há um homem que vai noutra direcção: a dos que se vêem
e revêem, a dos que vivem, para o outro e a partir do outro. É o caso de
um samaritano, que estava de viagem. Ele chega a Deus, desviando-se, para o próximo.
O samaritano não vê primeiro, para só depois se aproximar. Ao contrário, ele aproxima-se primeiro, para depois começar a ver. (ver e aproximar-se…) O meu próximo é aquele de quem eu sou capaz de me aproximar. É precisamente porque se aproxima, que o Bom Samaritano vê e se compadece. Para ele o “outro” goza sempre de prioridade, na estrada da sua vida. Porque «escuta» alguém, na berma da estrada, o bom samaritano dispõe-se a pagar a estalagem, como portagem!
O samaritano olha o outro, mesmo que impotente e caído, já meio-morto e por isso calado, e percebe na sua indigência, um grito que chama pelo seu nome e o responsabiliza.

3. «Vai e faz o mesmo» (Lc 10, 37), disse Jesus. «Façamos então nosso o estilo do bom samaritano» - exortava-nos o Papa, no passado dia 13 de Maio em Fátima, no seu Discurso às organizações da Pastoral Social!
E Bento XVI deixou-nos o desafio:
«Aproximemo-nos das situações carentes de ajuda fraterna! E qual é esse estilo?
«É o de "um coração que vê". Este coração vê onde há necessidade de amor e age de acordo com isso» (Deus caritas est, 31). Assim fez, de facto, o bom samaritano».

4. Eis uma parábola actualíssima, no contexto de grave crise social, em
que vivemos. Há, pela certa ,“situações gritantes”, Há situações de abandono e de quase morte, sem ruído e sem protesto, que silenciosamente chamam por mim. E “ser”alguém é responder a este grito de salvação, estender a mão e abrir o coração. Disto não depende apenas a vida do outro. Depende a minha própria vida também, como disse Jesus: “Faz isto e viverás” (Lc.10,28)! Se não fizermos nada, gritarão as pedras e a revolta dos miseráveis nos assaltará sem piedade!

5. Mas – como disse o Papa “Jesus não se limita a recomendar!
O Bom Samaritano é Ele próprio, que Se faz próximo de todos os homens e «derrama sobre as suas feridas o óleo da consolação e o vinho da esperança»”
(do prefácio VIII do tempo comum "Cristo passou fazendo o bem e assim
fez o bom samaritano).
Cristo quer fazer da Igreja a tal "estalagem, para onde conduzir os frágeis e feridos deste tempo, para aí os fazer tratar, confiando-os, aos seus ministros, e pagando pessoalmente de antemão pela cura». Assim, «o amor incondicionado de Jesus que nos curou há-de converter-se em amor entregue gratuita e generosamente através da justiça e da caridade, para vivermos com um coração de bom samaritano” (Bento XVI, Discurso, Fátima, 13.05.2010).
O homem meio-morto, não está longe, nem apenas a teus pés.
Está perto de ti! Está nas tuas mãos!

6. Como se o outro se tornasse verdadeiramente a voz e o senhor da sua própria consciência.
“Ser” alguém… não é aqui afirmar-me sobre o outro, dominar e impor-me ao outro.
“Ser” é aqui simplesmente “responder” ao outro, e dispor-me, baixar-me para o servir.
Como se, na linguagem da bíblia, para dizer «eu», bastasse apenas responder «eis-me aqui».
Eis uma parábola curativa, para o nosso egoísmo alérgico.
E “ser” alguém é responder a este grito de salvação, estender a mão.

7. A palavra não está longe, fora do nosso alcance, ou acima da nossa compreensão. «A Palavra está perto de ti, na tua boca e no teu coração». Está mesmo à mão de semear! «Vai e faz o mesmo », concluiu Jesus, como se Ele próprio se retratasse, neste amor do samaritano. Um amor que não é cego, porque vê. Um amor, que não é platónico, porque se aproxima, cura e dá. Um amor com a mão cheia de frutos:
Viu. Compadeceu-se. Agiu. Sem desculpa, sem justificação, sem pergunta, sem identificação. Sem contrapartida, nem adiamento.
Neste tempo de Verão, dado mais à distracção do passeio, do que à marcha atenta do caminho e da subida «para Jerusalém», somos muito tentados a passar ao largo, ou a ver as pessoas, sem as olhar e conhecer, sem as tocar por dentro e compreender. O tempo de férias que se destinaria a abrir um espaço de relação e de proximidade, com Deus e com o próximo, pode tornar-se um perfeito exercício de avestruz. De cabeça na areia. Uma fuga para diante, em vez de um encontro imediato, como o bom samaritano

Pessoas, irmãs e irmãos nossos caídos, abandonados, desprezados… não nos faltam onde vivemos e trabalhamos, na nossa aldeia ou cidade! Falta-nos, talvez, a coragem, a determinação, a atitude de proximidade, de acolhimento e de nos comprometermos com aqueles que chamam ou gritam por nós!.... O exemplo claríssimo já o tem: Jesus Cristo o Bom Samaritano!
Disponibilizemos: mãos estendidas e coração aberto!


P. Hermínio Vitorino, s.j. - Homilia



INFORMAÇÕES ÚTEIS

  • No domingo, dia 25 de Julho, a nossa comunidade paroquial vai organizar uma peregrinação a Fátima. As pessoas interessadas devem fazer a inscrição na secretaria da nossa comunidade.

  • Estão ainda abertas as inscrições para os acampamentos deste verão. De 18 a 25 de Julho para adolescentes do 7º, 8º e 9º ano. E de 22 a 29 de Agosto para jovens do 10º, 11º e 12º ano. Para mais esclarecimentos as pessoas interessadas dirijam-se à secretaria ou confirmar informações nos cartazes afixados.

  • De 15 de Julho a 15 de Setembro, o atendimento de confissões passa a ter o horário verão, ou seja, durante este período, o atendimento de confissões passa a ser das 9:00 às 12:00, de terça a sábado.

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