Deus foi-se revelando ao longo da história, acompanhando a
própria evolução da humanidade. Revela-se, ao Povo de Israel, em primeiro lugar
como Deus Único. No A.T. o Povo Escolhido experimenta, ao longo dos séculos, a
presença amorosa do “seu” Deus: do Deus Todo-Poderoso, na criação do universo;
do Deus de amor que faz aliança com o “seu” povo e o conduz para a terra
prometida; do Deus misericordioso que perdoa o pecado e renova o seu
compromisso com o povo apesar das infidelidades.
Enfim, este Deus Único foi-se revelando como um Deus que é
Pai: infinitamente sábio e transcendente, mas ao mesmo tempo misericordioso e
próximo. A primeira leitura fala-nos dessa experiência de Deus: “ Interroga os
tempos antigos … Considera hoje e medita em teu coração que o Senhor é o único
Deus”
Jesus Cristo veio dar-nos a conhecer uma imagem mais completa
de Deus. Chamando-se a Si próprio “Filho do Homem”, revelou-se como Filho de
Deus pela sua doutrina, pelas suas obras, pela sua ressurreição e pela missão
que deixou aos seus discípulos, como lemos no evangelho de hoje: “Todo o poder
me foi dado no Céu e na terra. Ide e ensinai todas as nações, baptizando-as em
nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”. São palavras de despedida, mas não
deixa de renovar a promessa da presença próxima de Deus: “Eu estou sempre
convosco até ao fim dos tempos”.
Foi Jesus também que prometeu e enviou o Esp. Santo sobre os
Apóstolos e sobre todos os crentes de todos os povos. Na 2ª leit., S. Paulo
fala-nos no Espírito Santo que nos conduz como “Filhos de Deus”, que nos ensina
a familiaridade com o Pai, a ponto de O podermos tratar carinhosamente por Papá
(Abba). Com o Esp. Santo recebemos a liberdade interior do amor e não do temor,
tornamo-nos herdeiros da Promessa, herdeiros com Cristo: “Vós não recebestes um
espírito de escravidão para recair no pecado, mas o Espírito de adoção filial
pelo qual exclamamos: “Abá, Pai”.
- Pretender compreender inteiramente o Mistério de Deus seria
pretende pôr Deus ao nosso nível, à nossa dimensão. S. João diz-nos que “Deus é
Amor” – e é pela experiência do amor, do amor de Deus, que mais nos podemos
aproximar da compreensão deste mistério. Diz-nos ainda S. Paulo que “todos os
que são conduzidos pelo Espírito de Deus são Filhos de Deus”. Deixemo-nos,
então, conduzir pelo Esp. Santo, porque será Ele que nos ensinará todas as
coisas, segundo a promessa de Jesus, na Última Ceia. Assim seja.
P. Manuel Vaz Pato, sj
Homilia
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