domingo, 14 de setembro de 2008

O que são os Jesuítas?


QUE FAZ UM JESUÍTA ?

Um aluno dos Jesuítas descobriu um tomo desemparelhado duma “História da Companhia de Jesus”.
Ficou a saber da existência de uma Ordem Religiosa fundada em 1540. Através da leitura ficou a saber que a actividade da Companhia de Jesus fora de tal envergadura que multiplicara Colégios desde a Península Ibérica à Polónia, chegara ao Extremo Oriente, às Indias, ao Continente Africano e ao Novo Mundo com os seus missionàrios.
Infelizmente o tal aluno do Colégio dos Jesuítas, lendo mais, verificou que no terceiro quartel do séc. XVIII a Companhia de Jesus fora abolida e obrigada a desaparecer nos chamados Grandes Estados Católicos Ocidentais - França, Espanha e Portugal e respectivas possessões ultramarinas. Mais. O Papa Clemente XIV, pressionado pelas Cortes das sobreditas nações acabou por suprimir a Companhia de Jesus em 1773.
“... Que pena, lamentou o rapaz, no final da leitura, aqui estava uma Ordem Religiosa onde eu gostava de entrar...”.
O tal aluno veio a saber depois, que a Companhia de Jesus e Jesuítas eram uma e a mesma coisa.
Mas o mundo não parou. A história fez rodar os personagens. Napoleão foi para Santa Helena, e o seu prisioneiro, o Papa Pio VII, após o cativeiro e no seu regresso a Roma, restabelece em 1814, a Companhia de Jesus e as suas actividades.


Que fazem AGORA, os Jesuítas?

“Ide e ensinai todas as gentes”, Ensinar e Evangelizar, Como?
Em Universidades e Faculdades Pontificias, situadas em várias nações, contribuem os Jesuítas para a formação do clero e de leigos, para o avanço das investigações bíblicas, teológicas, filosóficas e humanísticas.
Espalhadas pela Europa, América do Norte e Sul, Japão, África (Bujumbura) outras Universidades colaboraram em trabalho paralelo no ensino académico e investigação científica exactamente como as demais universidades civis ou estatais.
A assisténcia aos estudantes é proporcionada em Centros, Colégios e Residéncias Universitárias.
Eis algumas formas do Ensino Superior Académico a que se dedicam os Jesuítas.
Mas a par deste ensino trabalham também em Colégios, Escolas Primárias e Secundárias, Escolas de Agronomia, Técnicas e Profissionais, Escolas Populares para adultos, sobretudo no chamado Terceiro Mundo, em Escolas Nocturnas, em Institutos Químicos, Biológicos, em Institutos de Artes e Indústrias.
Apoiando e incentivando todo este trabalho de ensinar, eis os Jesuítas em casas de escritores à .frente de numerosas publicações e casas editoriais de revistas de investigação e formação, dedicando-se ao estudo de temas candentes e actuais desde os bíblicos e teológicos aos filosóficos e sociais.
E onde os limites geográficos e os horizontais sem fim se interpõem, como barreiras difíceis de ultrapassar, a radiodifusão e até a Televisão, em alguns lugares, merecem o interesse dos Jesuítas que através das suas ondas alcançam povos e gentes em vastíssimos territórios. Assim acontece na Espanha, Canadá, Estados Unidos, Austrália, Indonésia, Haiti, África, Formosa, México, S. Domingos, Colómbia, Perú, Bolívia, sem contar com as emissões diárias, em várias línguas, da Rádio Vaticano – entregues aos Jesuítas.
E se alguém perguntar se os Jesuítas, perscrutam o insondável do Universo, se são sensíveis à imprevisível meteorologia, aos repentinos abalos telúricos e à invejada energia solar, encontrá-los-á, espalhados pelo Globo, nos atentos observatórios sísmicos, meteorológicos e heliográficos. Desde a longínqua Austrália, em Sydney, às altitudes de La Paz, na Bolívia,ndesde o dilacerado Líbano, em Ksara, ao discutido Chile, em Antofagasta, desde as terras fumegantes e duvidosas da Sicília, em Messina e Acireale e ao minicontinente de Madagascar, em Tananarife.
Mas os Jesuítas vivem apenas para as “grandezas” do espírito, descurando as flagrantes e imperiosas necessidades da grande maioria dos homens?
Falar das Missóes e da Evangelização tanto na Europa como no terceiro e quarto mundo, equivale a dizer que só Deus conhece os nomes de tantos missionários, por vezes heróis ocultos e até mártires. São eles que nas missões prolongam a presença e a mensagem de Cristo desde os gelos do Alaska ao braseiro das terras equatoriais da Amazónia, Mato Grosso, Congo, Ruanda, Burundi, Malásia, Bornéu, Filipinas, às terras misteriosas e explosivas do Extremo Oriente.
A sua acção procura atender a todas as gentes sem esquecer os rostos desfigurados dos nossos irmãos leprosos em Mosango, na África Central, na Ilha de Curion, nas Filipinas, e até na vizinha Espanha, em Fontilles.
Quantas paróquias nas cidades e nos subúrbios, nos bidonvilles e nas favelas, enfim, quanta assisténcio espiritual e material neste mundo de Cristo. Difícil se torna, mesmo estatisticamente, enumerar, especificando as múltiplas facetas dos 20.000 Jesuítas de HOJE.



COMO SE FAZ UM JESUITA
ETAPAS DE FORMAÇÃO

NOVICIADO
É a 1ª. etapa e a base do processo de formação de um jesuíta; escola de crescimento ao nível da relação com Deus, pela prática da oração e discernimento da Sua vontade - busca da Maior Glória de Deus - conhecimento da Companhia de Jesus e da Igreja, participação na vida em comunidade, estudo e conhecimento próprio de capacidades e limitações.
Para além de todo um clima de interiorização, certa ruptura é exigida para uma maior integração. Viver-se-ão uma série de tarefas, provas e experiências, que descrevemos.
Os Exercícios Espirituais de mês ocupam um lugar destacado. São uma magnífica escola de oração, de busca e acolhimento da vontade de Deus.
O "mês de hospital " em contacto directo com os doentes e com o sofrimento, ajuda-nos a desenvolver abertura, relação e solidariedade. E um bom meio de conhecimento próprio.
O "mês de trabalho" -contacto com o mundo do trabalho e sua valorização, leva-nos a ser "contemplativos na acção" buscando "Deus em todas as coisas e todas as coisas n'Ele."
No estudo e leituras, dá-se especial relevo ao itinerário espiritual de Santo Inácio de Loiola, ao do grupo dos "Primeiros Companheiros", bem como às Constituições e Teologia da Vida Religiosa.
Sendo chamados a ser companheiros de Jesus, servimos e serviremos Deus e a Igreja, em disponibilidade incondicional, pelo "serviço da fé e a promoção da justiça".

JUNIORADO -FILOSOFIA
Após o Noviciado, e depois dos primeiros votos de pobreza, castidade e obediência e a promessa séria de guardar as Constituições da Companhia, urge começar a preparar-nos para a missão. Os estudos são feitos em função das necessidades apostólicas da Província e da Companhia em geral.
Começa-se com o estudo das Humanidades - línguas, literaturas, estudo da nossa língua e cultura, bem como de outras culturas, para podermos confrontar com os valores do Evangelho.
Segue-se o estudo da Filosofia, que favorece o desenvolvimento da nossa capacidade reflexiva e o diálogo. Dá-nos uma maior compreensão do processo que rege a estrutura e a história da sociedade, a fim de encontrarmos uma linguagem para a propagação da fé e a promoção da justiça.
Com este fim, conseguimos uma harmonia integral das quatro dimensões vitais da formação dum Jesuíta: espiritual, apostólica, comunitária e intelectual. Adquirimos hábitos de trabalho em grupo, espírito de diálogo, com a sociedade e com as diversas famílias religiosas, ao mesmo tempo que se faz uma gradual inserção no corpo apostólico da Companhia.
Fazem-se serviços apostólicos planeados e adequados a esta etapa de formação.

MAGISTÉRIO
Após os estudos de Filosofia e antes da Teologia, é geralmente de 2 anos e consiste, sobretudo, em ensinar; trabalho com Juventude ou trabalhar nas Missões no estrangeiro.
Este tempo tem naturalmente influências e ressonâncias diferentes em cada um, conforme as circunstâncias objectivas -local, trabalho, comunidade -ou subjectivas, história e maturidade pessoal, necessidades, expectativas, etc. em que é feito; mas há aspectos comuns.
Trata-se de uma "experiência": Um período limitado em que se deve experimentar algo para se colher algum fruto.
É uma "experiência apostólica": Ao mesmo tempo que se interrompem os estudos, descansando um pouco, varia-se de actividade, anunciando o Evangelho.
Não é uma experiência feita isoladamente, mas sim uma "experiência apostólica na Companhia de Jesus ". Mesmo que se seja o único a desempenhar tal trabalho, há sempre, com ele, uma comunidade que o integra e que o acompanha no seu trabalho.
No Magistério, ao exercitarem-se antigas aptidões, descobre-se outras novas. Isto criará autoconfiança, bem necessária para o futuro. Desenvolve o sentido de obediência porque o seu trabalho é uma missão dada pelo superior. Faz-se uma experiência realista dum grupo de companheiros, ao viver numa comunidade jesuítica concreta, com suas deficiências e tensões, mas também com suas alegrias e o seu ideal de serviço.
Por vezes experimenta-se a internacionalidade da Igreja e da Companhia; contacta-se com outras culturas, para conhecer e respeitar outros valores e outro modo de viver a fé cristã; estabelecem-se pontes e o diálogo em que é preciso dar e receber.

TEOLOGIA
Depois do retemperamento prático do trabalho de Magistério, o jesuíta em formação embrenha-se outra vez, durante 4 ou 5 anos, no estudo da Teologia; estuda cientificamente Deus e a Sua história de Amor com os homens, tendo como centro Jesus Cristo - plenitude de toda a criação.
É uma verdadeira aventura esta de penetrarmos pelo ministério de Deus; só tem sentido se nos deixarmos guiar pelo Espírito à luz da fé. Ele encarrega-se de nos ir explicando tudo, pouco a pouco, na medida da nossa capacidade de compreensão.
Mas, o mais importante do tempo da Teologia é o esforço de personalização e vivência do que se vai aprendendo teoricamente; fazer a unificação entre a teoria e a vida; a leitura da mensagem salvífica dirigida a "mim"; o sentir-me interpelado por este Deus que ama, chama, protege, ensina e salva cada um pessoalmente, que se quer relacionar num tu-a-tu concreto e transparente,
E, à medida que O estudamos, vamos tendo uma noção cada vez mais clara do muito mais que fica por estudar, pois Deus permanece sempre um Mistério infindável.
Sendo Jesus Cristo a imagem visível do Deus invisível, quanto mais nos identificarmos com Ele, mais nos iremos transformando, pouco a pouco, em testemunhas Suas, cada dia mais convincentes, pela nossa coerência.

TERCEIRA PROVAÇÃO
Dez a 15 anos após a entrada no Noviciado, 2 a 3 anos após a ordenação sacerdotal e imediatamente antes dos últimos votos, tem lugar a 38 Provação: período de síntese e integração da vida espiritual, dos estudos e da pastoral, antes de ser enviado para a vinha do Senhor.
Através da repetição, à boa maneira Inaciana, dos Exercícios de mês, do aprofundamento do Instituto e das Constituições, em especial da Parte VII. O título é elucidativo: "Das relações com o próximo daqueles que, depois de admitidos no Corpo da Companhia, são distribuídos na vinha de Cristo nosso Senhor". Aí fala Santo Inácio, do primeiro critério, do "maior serviço de Deus e bem universal na escolha do lugar para onde se envia, na escolha dos fins, das pessoas, das modalidades e duração".
Na Companhia não existe um só tipo de trabalho ou tarefa. Pretende-se que a Companhia esteja disponível. "Sob o Romano Pontífice", poderá ser enviada para a região mais necessitada, para o "mais universal", para o "mais urgente" e de "maior bem".



Nenhum comentário: