Mais gratidão, mais coração, mais glória a Deus
Lc 17,11-19: “Um deles, ao ver-se curado, voltou atrás,
glorificando a Deus em alta voz, e prostrou-se de rosto por terra aos pés de
Jesus para lhe agradecer”.
A salvação acontece em Cristo. Esta é
a verdade explicitada pelo episódio do leproso que depois de ser curado
fisicamente por Jesus, volta para junto D’Ele para lhe agradecer e para que n’Ele
seja salvo. Jesus toca também a nossa existência mais profunda, de muitos
modos. Por isso somos convidados a sentir o toque existencial de Cristo nas
nossas vidas.
S. Lucas fala-nos abertamente da
nossa indiferença, da incapacidade de gratidão. Por vezes somos mesmo ingratos
para com Deus e para com os outros. Mas a liturgia do XXVIII Domingo fala-nos,
do tema da gratidão, e da importância de dilatarmos o nosso coração para um
amor maior.
A questão principal, é mesmo a
dimensão do nosso coração. E a verdadeira dimensão do nosso, ninguém a pode
limitar a não ser que desistamos de o alargar! É preciso cuidar o nosso
coração, porque ele é o símbolo íntimo de cada um de nós, onde a alma é ela
própria e o amor o seu alimento.
Mas será que exercitamos
verdadeiramente o nosso coração? Às vezes, parece que se aceita, desde muito
cedo, o seu tamanho como definitivo, cultivando um egoísmo, uma indiferença,
uma auto-suficiência, que fazem dele uma gaiola fechada e não uma casa aberta
aos outros. Enchemo-lo de tanta coisa e não lhe damos horizontes, ou não lhe
damos possibilidade de se expandir, de ser mais coração.
O coração, de cada ser humano, não
morre nem nasce do mesmo tamanho: ou se expande e dilata pela força do amor, do
serviço, da entrega ou definha pela rotina egoísta e mesquinha. E o que é que
nos faz maiores do que alguma vez sonhámos? É o Amor! Quando nos pede para
abraçar a vida com coragem, esperança e alegria, para nos abrirmos aos irmãos e
lutar pela sua e nossa felicidade.
Jesus, com o Seu grande Coração,
aproxima-se dos leprosos e, através do acolhimento e amor, cura-os, liberta-os
da lepra. Apenas, um só volta atrás para agradecer. O seu agradecimento, a gratidão,
ajuda-o a dilatar ao máximo o seu coração e predispõe-no a uma maior comunhão
com Jesus.
Como podemos celebrar e viver a
Eucaristia se não temos nada para agradecer? Termino com uma frase que li uma
vez: “Como eu gostaria que o meu coração funcionasse na alta tensão do Amor de
Cristo”. A questão de fundo é a dimensão do coração, para ser mais coração!
P. Hermínio Vitorino, sj
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