sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Imaculada Conceição de Maria


«Ao entrar em casa dela, o anjo disse-lhe: «Salve, ó cheia de graça, o Senhor está contigo.» Ao ouvir estas palavras, ela perturbou-se e inquiria de si própria o que significava tal saudação. Disse-lhe o anjo: «Maria, não temas, pois achaste graça diante de Deus. Hás-de conceber no teu seio e dar à luz um filho, ao qual porás o nome de Jesus. Maria disse ao anjo: «Como será isso, se eu não conheço homem?» O anjo respondeu-lhe: «O Espírito Santo virá sobre ti e a força do Altíssimo estenderá sobre ti a sua sombra. Por isso, aquele que vai nascer é Santo e será chamado Filho de Deus. Também a tua parente Isabel concebeu um filho na sua velhice e já está no sexto mês, ela, a quem chamavam estéril, porque nada é impossível a Deus.» Maria disse, então: «Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra.» E o anjo retirou-se de junto dela.» (do Evangelho de S. Lucas)

REFLEXÃO
Deus vem habitar no meio de nós, fazendo-se homem como nós. E isto tornou-se possível através de um grande sim, o sim de Maria no momento da Anunciação. Mediante este sim Jesus encetou a sua vereda ao longo dos caminhos da humanidade; começou-o em Maria, transcorrendo os primeiros meses de vida no ventre da sua Mãe: não se manifestou já adulto e forte, mas seguiu todo o percurso de um ser humano. Fez-se igual a nós em tudo, mas não numa coisa, aquele não, exceto no pecado. Para isso escolheu Maria, a única criatura sem pecado, Imaculada. No Evangelho, com uma única palavra Ela é chamada «cheia de graça» (Lc 1, 28), ou seja, repleta de graça. Quer dizer que nela, imediatamente cheia de graça, não há espaço para o pecado. E também nós, quando nos dirigimos a Ela, reconhecemos esta beleza: invocamo-la como «cheia de graça», sem sombra do mal.

Maria responde à proposta de Deus, dizendo: «Eis a serva do Senhor» (v. 38). Não diz: «Bem, desta vez cumprirei a vontade de Deus, dando a minha disponibilidade, e depois verei...». Não! O seu sim é completo, total, para a vida inteira, sem condições. E do mesmo modo como o não das origens tinha impedido a passagem do homem rumo a Deus, assim o sim de Maria abriu o caminho a Deus no meio de nós. É o sim mais importante da história, o sim humilde que inverte o não soberbo das origens, o sim fiel que cura a desobediência, o sim disponível que aniquila o egoísmo do pecado.

  Inclusive para cada um de nós existe uma história de salvação feita de sins e de nãos. Mas às vezes somos especialistas nos meios sins: somos bons quando se trata de fingir que não entendemos bem o que Deus gostaria e o que a consciência nos sugere. Somos também espertos, e para não dizer um verdadeiro não a Deus, dizemos: «Desculpa, não posso», «hoje não, pensarei amanhã»; «amanhã serei melhor, amanhã rezarei, amanhã praticarei o bem». E esta astúcia afasta-nos do sim, distancia-nos de Deus, levando-nos ao não, ao não do pecado, ao não da mediocridade. O famoso «sim, mas...»; «sim, Senhor, mas...». No entanto, assim fechamos a porta ao bem, e o mal aproveita-se destes sins malogrados. Dentro, cada um de nós tem uma coleção deles. Pensemos, encontraremos muitos sins falhados. Ao contrário, cada sim pleno a Deus dá origem a uma nova história: dizer sim a Deus é verdadeiramente «original», é origem, não como o pecado, que nos envelhece dentro. Cada sim a Deus dá origem a uma história de salvação, tanto para nós como para os outros. Como fez Maria com o seu sim pessoal.
  Papa Francisco 8 dezembro 2016
ESPERAR DE LÂMPADAS ACESAS     
É tempo de voltar a construir o presépio. Como Maria que, grávida, medita todas as coisas em seu coração. Como José que, fiel e justo, sonha a vontade de Deus. Estão os dois de esperanças. Preparam ambos o nascimento de Jesus.
Como é belo esperar a chegada de quem amamos. Cuidamos da casa, preparamos a mesa, acendemos uma vela, aquecemos o coração. A espera já é encontro. O desejo de amar já é amor.
O Senhor virá. Simplesmente porque quer vir. Mas poderá passar sem que O vejamos. Poderá bater sem que Lhe abramos a porta. Poderá oferecer-se sem que O comunguemos.
Preocupações e correrias dissipam o coração. A escuridão da alma pode ser densa. Vem o Esposo e as lâmpadas estão apagadas. Não têm amor que as mantenha acesas.
Este é, pois, tempo propício para procurar o azeite que alimenta a chama. Na confiança. Na esperança. E quando o Senhor vier, estaremos prontos para ir ao Seu encontro.
Felizes, faremos festa na Sua presença.
P. José Frazão Correia, sj

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