Jesus saiu da sinagoga e foi, com Tiago e João, a
casa de Simão e André. A sogra de Simão estava de cama com febre e logo lhe
falaram dela. Jesus aproximou-se, tomou-a pela mão e levantou-a. A febre
deixou-a e ela começou a servi-los. Ao cair da tarde, já depois do sol-posto,
trouxeram-lhe todos os doentes e possessos e a cidade inteira ficou reunida
diante da porta. Jesus curou muitas pessoas, que eram atormentadas por várias
doenças, e expulsou muitos demónios. Mas não deixava que os demónios falassem,
porque sabiam quem Ele era. De manhã muito cedo, levantou-se e saiu. Retirou-se
para um jardim ermo e aí começou a orar.
Simão
e os companheiros foram à procura dele e, quando O encontraram, disseram-lhe:
«Todos Te procuram». Ele respondeu: Vamos para outros lugares, às povoações
vizinhas, a fim de pregar aí também, porque foi para isso que eu vim.»
Mc. 1,29-39
«De madrugada a madrugada. Depois de entrarem [Jesus e os
seus discípulos; ninguém como Marcos vincula Jesus aos seus discípulos] em
Cafarnaum, na manhã de sábado entra Jesus na sinagoga de Cafarnaum e ensinava
(Marcos 1,21). Ei-los agora que saem [Jesus e os seus discípulos: verbo no
plural] da sinagoga, e entram na casa de Simão e de André (Marcos 1,29).
Trata-se de um «relato de começo». Saindo da casa antiga, entram, uns 30 metros
a sul, na casa nova, de Pedro. A sogra de Simão está deitada com febre. Jesus
segura-lhe na mão (Marcos 1,31), expressão lindíssima que indica no Antigo
Testamento o gesto protetor com que Deus protege o orante (Salmo 73,23), Israel
(Isaías 41,13), o seu servo (Isaías 42,6). E a sogra de Simão «levantou-se» e
pôs-se a servi-los de forma continuada, como indica o uso do verbo no
imperfeito. A sogra de Simão é uma das sete mulheres que, nos Evangelhos,
«servem» Jesus e os outros. Ela é bem a figura da comunidade cristã nascente,
que passa da escravidão à liberdade, da morte à vida, gerada, protegida,
guardada e edificada por Jesus no lugar seguro da casa de Pedro.»
D. António Couto
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