«Eu tinha um relacionamento bastante bom
com o Senhor.
Conversava com Ele, pedia-Lhe coisas,
louvava-O, agradecia-Lhe. Mas tinha sempre um sentimento ou sensação
inesquecível de que Ele queria que eu olhasse bem no fundo dos Seus olhos. E isso
eu não queria.
Conversava muito, mas desviava os olhos,
cada vez que percebia que Ele estava a olhar para mim. Sim, olhava sempre para
outro lado. E eu sabia porquê! Tinha medo.
Receava encontrar uma acusação nos olhos
d´Ele: algum pecado não arrependido. Mas pensava também poder encontrar,
naquele olhar algum pedido, algo que Ele quisesse de mim.
Um dia, finalmente, juntei toda a minha
coragem e olhei! Não havia acusação alguma. Nem exigência ou pedido. Aqueles
olhos diziam-me, simplesmente: «Eu amo-te!». Nessa altura eu olhei-os ainda
mais no fundo com a persistência de quem procura algo. Nada encontrei, apenas a
mensagem de sempre: «Eu amo-te!». Como Pedro, saí e chorei.»
P. Antony de Mello, SJ
Imagem: Rui Aleixo (Capela do Rato)
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