Textos: Isaías 52,7-10; Salmo 97; Hebreus 1,1-6; João 1,1-18.
Hoje, com o Nascimento de Jesus, chegamos ao termo de toda a Revelação Bíblica. Melhor será dizer: neste Nascimento chegou ao fim a Primeira Aliança, como se diz na Carta aos Hebreus da Liturgia de Hoje: “Deus falou de muitos modos…nestes tempos que são os últimos, falou-nos por seu Filho…” Uma criança, um recomeço. Eis diante de nós, um Novo Futuro, uma Nova Aliança, um Homem Novo, uma Nova Criação.
Tudo isto se passa discretamente por entre um recenseamento decretado pelo Imperador César Augusto que levou à deslocação de Maria e de José de Nazaré a Belém, cidade de David. Este recenseamento é simbólico. O Imperador queria, por meio dele, conhecer as pessoas que estavam sob o seu domínio para as reduzir à submissão, mas Deus que escreve direito por linhas tortas, serve-se do recenseamento para nos dizer que uma Luz saída de Belém iluminas, agora, o coração de todos os homens sob a face da terra: do Oriente ao Ocidente, de Norte a Sul… (Isaías). Jesus não ocupará nem sequer uma linha desse recenseamento, pois Ele ainda estava no seio de Maria, quando José e Maria se aproximaram para a inscrição nas listas, mas Nele latia já, o pulsar duma Nova Lista que será a Lista da Humanidade inteira, essa humanidade que ele funda e que recapitula (João no Prólogo do Evangelho de Hoje), quer dizer, da qual, Ele será, agora, a cabeça, o Pastor (João 10).
Esta refundação ou recriação para o surgimento da Nova Humanidade, lhe vai exigir a entrega de toda a sua vida que somente terminará na Cruz e na Ressurreição. Então, começará para os homens, Uma Nova História da qual, Ele será o começo e o termo: No princípio era o Verbo… e o Verbo Incarnou e se fez homem…” Mas, se é cero que esta história nova já começou, a História de Cristo, isto é, a História de Deus com o homem ainda não chegou ao fim e, por isso rezamos: “ vinde Senhor Jesus”. O seu nascimento, a sua vida, a sua morte e a sua ressurreição são momentos proféticos dessa volta na glória que Ele anunciou como fim dos tempos: um fim que é começo e fim, ao mesmo tempo.
Em Belém, não encontrou lugar na hospedaria, lugar de residência do encontro com os homens, mas encontramo-lo deitado numa manjedoura, no lugar onde se deita a comida aos animais. Um dia dirá: “Tomai e comei…” Eis como a Escritura nos apresenta a vinda do Filho de Deus ao mundo. Nós teríamos talvez imaginado que o Filho de Deus viria como na Teofania do Antigos Testamento com a Montanha do Sinai a arder e Deus descendo sobre a montanha como fogo e um relampejar terríveis. Mas não é assim, na Nova Aliança. Ele vem nas palhinhas dum bercito, na doçura dum sorrio de criança, no acolhimento das mãos duma Mãe. É assim, o nosso Deus, o Deus Menino e quem o pensa doutra maneira, afoga-se no poder e na força do prestígio. Uma entrada discreta no mundo, quase furtiva. Apenas anunciada por uns pobres pastores que viram a sua luz e pelos Magos vindos do Oriente. Será sempre assim a vinda de Deus que se propõe sem nada impor e não força a mão de ninguém para lhe arranjarmos um outra estalagem no meio da cidade dos homens. É este Deus que nos convida a segui-Lo. Um Deus já excluído, porque nascido numa manjedoura e que, mais tarde, será crucificado fora dos muros da cidade, mas por Ele e N’Ele, nasceu um Novo Corpo que é a Igreja. Quando meditamos no que acabamos de dizer, este Novo Corpo de Cristo - a Igreja, está ainda nos começos. A nossa comunhão com Cristo está ainda na infância, mas sempre em crescimento. “de graça em graça…” (João)
Um Deus ao nosso dispor. Uma criança é um futuro, um prolongamento dos seus pais, mas é também um ser fraco, necessitado. A criança ainda não fala, não tem palavra. Eis que Deus se entrega nas nossas mãos e nós faremos dele o que quisermos, com a grande responsabilidade de falarmos por Ele, com a Palavra e com o testemunho de Vida.
Ele é a vida; a nossa vida. E que fazemos nós da vida? Que fazemos da vida dos outros que é vida de Deus, porque nela, Deus se diz e se dá.
Deus à mercê das nossas decisões. Já a narração do Nascimento de Cristo nos faz pressentir os acontecimentos de Páscoa. De momento, Ele não pode sobreviver, senão com cuidados constantes. Paulo nos diz em Filipenses 2, 6-8 que “Ele se despojou assumindo a condição humana” e que, por nós, morreu na Cruz e Ressuscitou.
Mas, de momento entreguemo-nos à alegria do Natal. Os anjos cantam o Glória de Deus, d’Aquele que não se refugiou no poder, mas vem ter connosco na nossa vida e na nossa morte. Por agora, o Menino vai aprender a obediência e a ser um de nós. Um dia, a Ressurreição terá a última palavra.
Natal: Recusa ou aceitação : “veio para o que era seu e os seus não o reconheceram”.
Natal: Deus para sempre no meio de nós. Palavra sempre acessível até ao fim: “ este é o meu Filho”
Natal: Deus ao nosso dispor, sempre disponível. Não O encontramos nas nuvens, nos sentimentalismos, nas luzes exageradas desta quadra, No deslumbramento to dos presentes, mas na sua sobriedade e na leitura correcta do presente, porque o presente, nesta quadro natalícia, é sinal do Grande Presente do Pai do Céu: o Menino Jesus, o Presente por excelência. Encontramos o Menino perdido entre os pequenos, os mais simples?
Natal: Reconhece que Deus é Pai e que os homens são nossos Irmãos e cantemos a reconciliação e a paz na convivência fraterna, na reconciliação entre as famílias, hoje reunidas…”Anuncio-vos uma Boa Nova que será de grande alegria para todo o Povo. Nasceu-vos hoje na cidade de David um Salvador que o Cristo, Senhor…” Como são belos sobre os montes, os pés do Mensageiro que anuncia a paz…”
BOAS FESTAS
P. José Augusto de Sousa, sj
Tudo isto se passa discretamente por entre um recenseamento decretado pelo Imperador César Augusto que levou à deslocação de Maria e de José de Nazaré a Belém, cidade de David. Este recenseamento é simbólico. O Imperador queria, por meio dele, conhecer as pessoas que estavam sob o seu domínio para as reduzir à submissão, mas Deus que escreve direito por linhas tortas, serve-se do recenseamento para nos dizer que uma Luz saída de Belém iluminas, agora, o coração de todos os homens sob a face da terra: do Oriente ao Ocidente, de Norte a Sul… (Isaías). Jesus não ocupará nem sequer uma linha desse recenseamento, pois Ele ainda estava no seio de Maria, quando José e Maria se aproximaram para a inscrição nas listas, mas Nele latia já, o pulsar duma Nova Lista que será a Lista da Humanidade inteira, essa humanidade que ele funda e que recapitula (João no Prólogo do Evangelho de Hoje), quer dizer, da qual, Ele será, agora, a cabeça, o Pastor (João 10).
Esta refundação ou recriação para o surgimento da Nova Humanidade, lhe vai exigir a entrega de toda a sua vida que somente terminará na Cruz e na Ressurreição. Então, começará para os homens, Uma Nova História da qual, Ele será o começo e o termo: No princípio era o Verbo… e o Verbo Incarnou e se fez homem…” Mas, se é cero que esta história nova já começou, a História de Cristo, isto é, a História de Deus com o homem ainda não chegou ao fim e, por isso rezamos: “ vinde Senhor Jesus”. O seu nascimento, a sua vida, a sua morte e a sua ressurreição são momentos proféticos dessa volta na glória que Ele anunciou como fim dos tempos: um fim que é começo e fim, ao mesmo tempo.
Em Belém, não encontrou lugar na hospedaria, lugar de residência do encontro com os homens, mas encontramo-lo deitado numa manjedoura, no lugar onde se deita a comida aos animais. Um dia dirá: “Tomai e comei…” Eis como a Escritura nos apresenta a vinda do Filho de Deus ao mundo. Nós teríamos talvez imaginado que o Filho de Deus viria como na Teofania do Antigos Testamento com a Montanha do Sinai a arder e Deus descendo sobre a montanha como fogo e um relampejar terríveis. Mas não é assim, na Nova Aliança. Ele vem nas palhinhas dum bercito, na doçura dum sorrio de criança, no acolhimento das mãos duma Mãe. É assim, o nosso Deus, o Deus Menino e quem o pensa doutra maneira, afoga-se no poder e na força do prestígio. Uma entrada discreta no mundo, quase furtiva. Apenas anunciada por uns pobres pastores que viram a sua luz e pelos Magos vindos do Oriente. Será sempre assim a vinda de Deus que se propõe sem nada impor e não força a mão de ninguém para lhe arranjarmos um outra estalagem no meio da cidade dos homens. É este Deus que nos convida a segui-Lo. Um Deus já excluído, porque nascido numa manjedoura e que, mais tarde, será crucificado fora dos muros da cidade, mas por Ele e N’Ele, nasceu um Novo Corpo que é a Igreja. Quando meditamos no que acabamos de dizer, este Novo Corpo de Cristo - a Igreja, está ainda nos começos. A nossa comunhão com Cristo está ainda na infância, mas sempre em crescimento. “de graça em graça…” (João)
Um Deus ao nosso dispor. Uma criança é um futuro, um prolongamento dos seus pais, mas é também um ser fraco, necessitado. A criança ainda não fala, não tem palavra. Eis que Deus se entrega nas nossas mãos e nós faremos dele o que quisermos, com a grande responsabilidade de falarmos por Ele, com a Palavra e com o testemunho de Vida.
Ele é a vida; a nossa vida. E que fazemos nós da vida? Que fazemos da vida dos outros que é vida de Deus, porque nela, Deus se diz e se dá.
Deus à mercê das nossas decisões. Já a narração do Nascimento de Cristo nos faz pressentir os acontecimentos de Páscoa. De momento, Ele não pode sobreviver, senão com cuidados constantes. Paulo nos diz em Filipenses 2, 6-8 que “Ele se despojou assumindo a condição humana” e que, por nós, morreu na Cruz e Ressuscitou.
Mas, de momento entreguemo-nos à alegria do Natal. Os anjos cantam o Glória de Deus, d’Aquele que não se refugiou no poder, mas vem ter connosco na nossa vida e na nossa morte. Por agora, o Menino vai aprender a obediência e a ser um de nós. Um dia, a Ressurreição terá a última palavra.
Natal: Recusa ou aceitação : “veio para o que era seu e os seus não o reconheceram”.
Natal: Deus para sempre no meio de nós. Palavra sempre acessível até ao fim: “ este é o meu Filho”
Natal: Deus ao nosso dispor, sempre disponível. Não O encontramos nas nuvens, nos sentimentalismos, nas luzes exageradas desta quadra, No deslumbramento to dos presentes, mas na sua sobriedade e na leitura correcta do presente, porque o presente, nesta quadro natalícia, é sinal do Grande Presente do Pai do Céu: o Menino Jesus, o Presente por excelência. Encontramos o Menino perdido entre os pequenos, os mais simples?
Natal: Reconhece que Deus é Pai e que os homens são nossos Irmãos e cantemos a reconciliação e a paz na convivência fraterna, na reconciliação entre as famílias, hoje reunidas…”Anuncio-vos uma Boa Nova que será de grande alegria para todo o Povo. Nasceu-vos hoje na cidade de David um Salvador que o Cristo, Senhor…” Como são belos sobre os montes, os pés do Mensageiro que anuncia a paz…”
BOAS FESTAS
P. José Augusto de Sousa, sj
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