A Virgem Maria na nossa cidade
Covilhã, 12 de Maio de 2012
Acabamos de percorrer as ruas da nossa cidade, na companhia da Virgem Maria, que peregrinou connosco e que, agora, se encontra aqui, bem juntinho de nós. Olhamos para Ela, para o seu rosto de brancura imaculada, para os cravos brancos que simbolizam essa brancura e que tão generosamente, lhe oferecemos. Tivemos ocasião de louvar o Senhor, porque Ele, em Maria, operou maravilhas: Ela é a Mãe de Deus e nossa Mãe; Ela é a Virgem Maria, a cheia de graça, que deu à luz Jesus por obra e graça do Espírito Santo. Cantamos Maria, a humilde serva do Senhor, uma criatura como nós, a agraciada de Deus e chamamos-lhe a Senhora do SIM que tornou possível a nossa salvação
Nesta peregrinação pelas
ruas da nossa cidade, num passo lento e silencioso, do íntimo do nosso coração,
fomos desfiando diante da Senhora, a história das nossas vidas: as nossas
alegrias pelas graças recebidas por seu intermédio, mas também as nossas
tristezas, aquilo que mais nos aflige neste momento: a doença dum filho ou filha,
as nossas próprias doenças, dores e sofrimentos, os nossos fracassos, as nossas
limitações, a nossa falta de emprego para deitar mão às necessidades da família
e, certamente, não deixamos de lhe dirigir esta prece: “Senhora, consoladora dos aflitos, rogai por nós… “
Nesta nossa
peregrinação, unimo-nos, hoje, de modo especial, a todos aqueles e aquelas que
se deslocaram a Fátima e que, na tarde do dia de amanhã, se dirigirão para suas
casas consolados por terem estado com Maria, por lhe terem dirigido as suas
preces e ansiosos por corresponderem ao seu desejo principal: conhecer sempre mais e melhor o seu Filho
Jesus para melhor o amarem e servirem. E nós, juntamo-nos a eles, com o
mesmo desejo, no regresso, em breve, a nossas casas. Para isso, Maria nos visitou
em Fátima, em Lourdes e em tantos outros povos da terra, como missionária do Senhor, unida à Missão de
seu Filho, Jesus Cristo, o enviado especial de Deus Pai. Senhora missionária, faz-nos missionários do teu Filho…
Como não compreender
a afeição, ternura e carinho que lhe tributaram e tributam tantos milhões de
crentes, porque n’Ela encontraram a Mãe
que protege contra as insídias do inimigo, contra as seduções do mal,
porque Ela é guia que nos leva a
Cristo, caminho, verdade e vida, porque Ela apazigua, ajuda-nos e viver em paz connosco próprios, paz nas nossas
famílias, paz na sociedade, paz num mundo em guerra: “Senhora da paz, dai-nos a paz…”
Em 431, no Concílio
de Éfeso, a Igreja afirmou contra as heresias, que Jesus é o Filho de Deus e
proclamou igualmente Maria a Mãe de Deus.
Esta afirmação sobre Maria, a Mãe de Deus, em grego, a Theotókos, que significa a “portadora de Deus”, foi acolhida por
uma multidão em festa, batendo palmas e louvando Maria com inúmeras luzes
acesas para comemorarem esta definição dogmática. Desde então, todos vamos a
Maria e este encontro com Ela, hoje, nesta noite, tem uma grande expressão, na
nossa cidade da Covilhã. Reunimo-nos, aqui todos os anos, porque queremos aclamar,
publicamente, Maria, a Mãe de Deus. Quando, porém, dizemos que Maria é a Mãe de
Deus, não queremos dizer que Maria deu à luz a Divindade, mas sim que Ela deu à
luz Aquele que vem de Deus e que era, desde o princípio, junto de Deus: “no
princípio era o Verbo e o Verbo era Deus” (João, 1,1). Compreendendo Jesus,
compreenderemos também, a vocação de Maria, a Mãe de Deus: “Maria Mãe de Deus, rogai por nós…”
Figura discreta e
silenciosa do Evangelho, Maria é sempre aquela que conduz a Jesus, nos ensina a
rezar, a entrar pouco a pouco na intimidade e a amar. É o fruto que lhe pedimos
esta noite, de velas acesas nas mãos, para exprimirmos a luz de que todos
necessitamos, a Luz do Seu Filho Jesus Cristo que ilumina os nossos corações e a
terra inteira.
Maria esteve nos
começos do nascimento da Igreja no momento em que os Apóstolos estavam reunidos
no Cenáculo (Act. 1, 13), aguardando a vinda do Espírito Santo. Por isso, “a
Igreja honra-a como Mãe amantíssima, dedicando-lhe afecto e piedade filial” (L.G.
53). O Concílio Vaticano II consagrou esta afirmação sobre Maria. Ela é e Mãe
de todos nós e da Igreja. Sob a sua protecção, colocamos as comunidades cristãs
da nossa Diocese da Guarda e, mesmo que venhamos a ser “pequeno rebanho”, caminhemos,
sem medo, porque Maria vai connosco a incutir-nos fé e confiança: “Maria, Mãe amantíssima, rogai por nós…”
Padre José Augusto de Sousa, s.j.
Foto José Pereira
Foto José Pereira
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