sexta-feira, 29 de junho de 2012

Solenidade de S. Pedro e S. Paulo




À Igreja e a Pedro é confiado o poder das chaves - isto é, de interpretar as palavras de Jesus, de adaptar os Seus ensinamentos aos desafios do mundo e de acolher todos aqueles que aderem à proposta de salvação que Jesus oferece. Padroeiro da nossa comunidade, procuremos como ele seguir Jesus até ao fim.
Na Solenidade dos apóstolos S. Pedro e S. Paulo, a liturgia convida-nos a reflectir sobre estas duas figuras e a considerar o seu exemplo de fidelidade a Jesus Cristo e de testemunho do projecto libertador de Deus.




sexta-feira, 15 de junho de 2012

Solenidade do Sagrado Coração de Jesus


 «Um dos soldados trespassou-Lhe o peito com uma lança
e logo brotou sangue e água»

Irmãos, sigamos o nosso chamamento: somos chamados pela Vida à fonte da vida; esta fonte não é apenas fonte «de água viva» (Jo 4,10), mas da vida eterna, fonte de luz e de claridade. Com efeito, dela vêm todas as coisas: sabedoria, vida e luz eterna. [...] Senhor, és Tu mesmo esta fonte, sempre e para sempre desejável, e da qual nos é sempre permitido e sempre necessário aurir. «Dá-nos sempre, Senhor Jesus, desta água» para que, também em nós, ela se torne uma fonte de água «a jorrar para a vida eterna» (Jo 4,15.14). Tu, Rei da glória, sabes dar grandes coisas e Tu mesmo as prometeste. Nada é maior do que Tu e é a Ti próprio que nos dás, foste Tu que Te deste por nós.

É por isso que é a Ti que pedimos [...] porque não queremos receber senão a Ti mesmo. Tu és o nosso tudo: a nossa vida, a nossa luz e a nossa salvação, a nossa comida e a nossa bebida, o nosso Deus. Inspira os nossos corações, suplico-Te, ó Jesus nosso; pelo sopro do Teu Espírito, abençoa as nossas almas com o Teu amor, para que cada um de nós possa dizer com verdade: «Vistes Aquele que o meu coração ama?» (Ct 3,3), porque foi com o Teu amor que fui ferido.

Desejo que essas feridas estejam em mim, Senhor. Feliz da alma a quem o amor assim fere
a alma que procura a fonte, a que bebe e que, no entanto, não cessa de ter sempre sede, mesmo bebendo, nem de ir sempre em busca dela pelo seu desejo, nem de sempre beber, na sua sede. É assim que ela sempre busca amando, pois encontra a cura na sua própria ferida.
(Comentário ao Evangelho do dia feito por: São Columbano (563-615), monge, fundador de mosteiros. Instruções de S. Columbano, n° 13)

Foto da nossa Igreja, dedicada ao  Coração de Jesus

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Solenidade do Corpo de Deus




Da relação entre a Eucaristia e os restantes sacramentos juntamente com o significado escatológico dos santos mistérios, irrompe o perfil da vida cristã, chamada a ser em cada instante culto espiritual, oferta de si mesma agradável a Deus. E, se é verdade que nos encontramos todos ainda a caminho rumo à plena consumação da nossa esperança, isto não impede de podermos já agora reconhecer, com gratidão, que tudo aquilo que Deus nos deu, se realizou perfeitamente na Virgem Maria, Mãe de Deus e nossa: a sua assunção ao céu em corpo e alma é, para nós, sinal de segura esperança, enquanto nos aponta a nós, peregrinos no tempo, aquela meta escatológica que o sacramento da Eucaristia desde já nos faz saborear.
Em Maria Santíssima, vemos perfeitamente realizada também a modalidade sacramental com que Deus alcança e envolve na sua iniciativa salvífica a criatura humana. Desde a anunciação ao Pentecostes, Maria de Nazaré aparece como uma pessoa cuja liberdade está completamente disponível à vontade de Deus; a sua Imaculada Conceição revela-se propriamente na docilidade incondicional à palavra divina. A fé obediente é a forma que a sua vida assume em cada instante perante a acção de Deus: Virgem à escuta, Ela vive em plena sintonia com a vontade divina; conserva no seu coração as palavras que lhe chegam da parte de Deus e, dispondo-as à maneira de um mosaico, aprende a compreendê-las mais a fundo (Lc 2, 19.51); Maria é a grande Crente que, cheia de confiança, Se coloca nas mãos de Deus, abandonando-Se à sua vontade.(102) Um tal mistério vai crescendo de intensidade até chegar ao pleno envolvimento d'Ela na missão redentora de Jesus; como afirmou o Concílio Vaticano II, « assim avançou a Virgem pelo caminho da fé, mantendo fielmente a união com seu Filho até à cruz. Junto desta esteve, não sem desígnio de Deus (Jo 19, 25), padecendo acerbamente com o seu Filho único, e associando-Se com coração de mãe ao seu sacrifício, consentindo com amor na imolação da vítima que d'Ela nascera; finalmente, Jesus Cristo, agonizante na cruz, deu-A por mãe ao discípulo, com estas palavras: mulher, eis aí o teu filho (Jo 19, 26-27) ».(103) Desde a anunciação até à cruz, Maria é Aquela que acolhe a Palavra que n'Ela Se fez carne e foi até emudecer no silêncio da morte. É Ela, enfim, que recebe nos seus braços o corpo imolado, já exânime, d'Aquele que verdadeiramente amou os Seus « até ao fim » (Jo 13, 1).
Por isso, sempre que na liturgia eucarística nos abeiramos do corpo e do sangue de Cristo, dirigimo-nos também a Ela que, por toda a Igreja, acolheu o sacrifício de Cristo, aderindo plenamente ao mesmo. Justamente afirmaram os padres sinodais que « Maria inaugura a participação da Igreja no sacrifício do Redentor ».(104) Ela é a Imaculada que acolhe incondicionalmente o dom de Deus, e desta forma fica associada à obra da salvação. Maria de Nazaré, ícone da Igreja nascente, é o modelo para cada um de nós saber como é chamado a acolher a doação que Jesus fez de Si mesmo na Eucaristia.

SACRAMENTUM CARITATIS
DE SUA SANTIDADE
BENTO XVI

domingo, 3 de junho de 2012

Santíssima Trindade


Deus foi-se revelando ao longo da história, acompanhando a própria evolução da humanidade. Revela-se, ao Povo de Israel, em primeiro lugar como Deus Único. No A.T. o Povo Escolhido experimenta, ao longo dos séculos, a presença amorosa do “seu” Deus: do Deus Todo-Poderoso, na criação do universo; do Deus de amor que faz aliança com o “seu” povo e o conduz para a terra prometida; do Deus misericordioso que perdoa o pecado e renova o seu compromisso com o povo apesar das infidelidades.

Enfim, este Deus Único foi-se revelando como um Deus que é Pai: infinitamente sábio e transcendente, mas ao mesmo tempo misericordioso e próximo. A primeira leitura fala-nos dessa experiência de Deus: “ Interroga os tempos antigos … Considera hoje e medita em teu coração que o Senhor é o único Deus”
Jesus Cristo veio dar-nos a conhecer uma imagem mais completa de Deus. Chamando-se a Si próprio “Filho do Homem”, revelou-se como Filho de Deus pela sua doutrina, pelas suas obras, pela sua ressurreição e pela missão que deixou aos seus discípulos, como lemos no evangelho de hoje: “Todo o poder me foi dado no Céu e na terra. Ide e ensinai todas as nações, baptizando-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”. São palavras de despedida, mas não deixa de renovar a promessa da presença próxima de Deus: “Eu estou sempre convosco até ao fim dos tempos”.

Foi Jesus também que prometeu e enviou o Esp. Santo sobre os Apóstolos e sobre todos os crentes de todos os povos. Na 2ª leit., S. Paulo fala-nos no Espírito Santo que nos conduz como “Filhos de Deus”, que nos ensina a familiaridade com o Pai, a ponto de O podermos tratar carinhosamente por Papá (Abba). Com o Esp. Santo recebemos a liberdade interior do amor e não do temor, tornamo-nos herdeiros da Promessa, herdeiros com Cristo: “Vós não recebestes um espírito de escravidão para recair no pecado, mas o Espírito de adoção filial pelo qual exclamamos: “Abá, Pai”.

- Pretender compreender inteiramente o Mistério de Deus seria pretende pôr Deus ao nosso nível, à nossa dimensão. S. João diz-nos que “Deus é Amor” – e é pela experiência do amor, do amor de Deus, que mais nos podemos aproximar da compreensão deste mistério. Diz-nos ainda S. Paulo que “todos os que são conduzidos pelo Espírito de Deus são Filhos de Deus”. Deixemo-nos, então, conduzir pelo Esp. Santo, porque será Ele que nos ensinará todas as coisas, segundo a promessa de Jesus, na Última Ceia. Assim seja.

P. Manuel Vaz Pato, sj
Homilia