NATAL 2015
“Rorate, Coeli desuper
E nubes pluant justum”
À volta do Presépio,
celebramos hoje o acontecimento do nascimento de Jesus. A alegria invade o
coração daqueles que, durante algum tempo, nos fomos preparando para comemorar,
de novo, este mistério grande e sublime o da Incarnação do Filho de Deus.
Diante do mistério, somente podemos calar-nos, guardar silêncio e deixar-nos
penetrar por essa presença única que tudo enche: Deus sempre presente naqueles
que o aceitam nas suas vidas e alimentam a fé nessa presença!..
Com Cristo, Deus não nos dá
alguma coisa, um bem por mais precioso que seja, uma graça, mas Deus dá-se a si
mesmo. É isto o que a Liturgia do Natal nos quer dizer, através dos Salmos
diversos e das 12 leituras que proclamamos entre a Missa do Galo, a Missa da
Aurora, e Missa do dia. Todas elas nos querem dizer que a vinda de Cristo não é
devida ao poder do homem, que nós não o podemos gerar pelo processo natural dos
mecanismos biológicos. Significa isso sim que o homem não pode produzir a Deus,
mas significa também que Deus vem ultrapassar os nossos limites. Com Cristo, a
Aliança não é apenas um contrato entre dois parceiros que se comprometem um com
o outro, mas ela torna-se uma unidade entre dois parceiros, Deus e o homem. Recebemos
a possibilidade de tornarmo-nos como Deus, porque Deus se tornou homem (Salmo
8). Vontade de assemelhar-se e de unidade que caracteriza o modo de proceder de
Deus: nós chamamos a este encontro e aliança Amor.
O nascimento de Jesus acontece como qualquer
outro nascimento. Não houve milagres. Para não chegarmos muito perto de nós o
prodígio desconcertante do Verbo de Deus feito menino, nós sobrecarregamos a
celebração do Natal de quantidade de costumes e tradições muito próprios para
desviar o nosso olhar e a nossa atenção da mensagem que nos traz o
acontecimento do nascimento deste Menino. São: o Pai Natal, as prendas do Natal,
a Noite de Natal. Tudo isto teria um valor relativo, se não estivesse associado
ao essencial: as núpcias de Deus com a humanidade: “o teu autor te desposará”.
Com Cristo, em Cristo e por Cristo, nós fazemos com Deus uma só carne. Em
Cristo, nós seremos um só corpo. O corpo desta criança do presépio carrega com
a humanidade inteira. Não é sem intenção que Lucas faz nascer Jesus num momento
histórico em que se faz o recenseamento de toda a terra. Mateus faz que venham
ao presépio os habitantes de longe, do Oriente. Eis juntos os judeus e os
pagãos, os pobres representados pelo pastores e os ricos representados pelos
Magos. Um pormenor surpreendente. Por ocasião do nascimento de Jesus, os
evangelhos não citam nenhuma palavra de José e de Maria. A primeira mulher Eva era
muito prolixa (Gen4,1). Por ocasião do seu primogénito dizia: eu adquiri um
homem para Javé. Maria fica muda mas conserva todas as coisas no coração. É que
com esta criança, palavra que etimologicamente significa sem palavra, tudo é
dito e ela é. ao mesmo tempo, a palavra divina e humana.
UMA CRIANÇA NASCEU, UM FILHO
NOS FOI DADO. Quem diria que o nosso Deus, Aquele que, tantas vezes, invocamos
como poderoso e até como todo-poderoso viesse a incarnar num ser tão frágil, como
é uma criança, um recém-nascido? Deus em Jesus se põe ao nosso dispor, com
necessidade de ser acolhido por toda a comunidade humana para sobreviver e
depois para crescer. O Verbo de Deus, a Palavra de Deus é verdadeiramente
divina, quando Ela se esconde e se pronuncia nas palavras dos homens. Mas
atenção. Um compromisso para todos nós neste Natal 2015 em que celebramos o nascimento
de Cristo: Nascimento de Cristo, nosso renascimento e este ano, com mais razão,
porque é o Ano da Misericórdia! Isto é: nascimento de Jesus, meu renascimento,
para uma vida entregue a Deus e aos irmãos!.. Ajudemo-nos, para a nossa
reconciliação interior e para nos reconciliarmos uns com os outros, com o
Sacramento da Misericórdia que é a Confissão dos Pecados ou Sacramento de
Penitência. UM BOM NATAL.
P. José Augusto Alves de Sousa,sj
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