sábado, 26 de dezembro de 2015

 

NATAL 2015
“Rorate, Coeli desuper 
E nubes pluant justum”

À volta do Presépio, celebramos hoje o acontecimento do nascimento de Jesus. A alegria invade o coração daqueles que, durante algum tempo, nos fomos preparando para comemorar, de novo, este mistério grande e sublime o da Incarnação do Filho de Deus. Diante do mistério, somente podemos calar-nos, guardar silêncio e deixar-nos penetrar por essa presença única que tudo enche: Deus sempre presente naqueles que o aceitam nas suas vidas e alimentam a fé nessa presença!..

Com Cristo, Deus não nos dá alguma coisa, um bem por mais precioso que seja, uma graça, mas Deus dá-se a si mesmo. É isto o que a Liturgia do Natal nos quer dizer, através dos Salmos diversos e das 12 leituras que proclamamos entre a Missa do Galo, a Missa da Aurora, e Missa do dia. Todas elas nos querem dizer que a vinda de Cristo não é devida ao poder do homem, que nós não o podemos gerar pelo processo natural dos mecanismos biológicos. Significa isso sim que o homem não pode produzir a Deus, mas significa também que Deus vem ultrapassar os nossos limites. Com Cristo, a Aliança não é apenas um contrato entre dois parceiros que se comprometem um com o outro, mas ela torna-se uma unidade entre dois parceiros, Deus e o homem. Recebemos a possibilidade de tornarmo-nos como Deus, porque Deus se tornou homem (Salmo 8). Vontade de assemelhar-se e de unidade que caracteriza o modo de proceder de Deus: nós chamamos a este encontro e aliança Amor.
 O nascimento de Jesus acontece como qualquer outro nascimento. Não houve milagres. Para não chegarmos muito perto de nós o prodígio desconcertante do Verbo de Deus feito menino, nós sobrecarregamos a celebração do Natal de quantidade de costumes e tradições muito próprios para desviar o nosso olhar e a nossa atenção da mensagem que nos traz o acontecimento do nascimento deste Menino. São: o Pai Natal, as prendas do Natal, a Noite de Natal. Tudo isto teria um valor relativo, se não estivesse associado ao essencial: as núpcias de Deus com a humanidade: “o teu autor te desposará”. Com Cristo, em Cristo e por Cristo, nós fazemos com Deus uma só carne. Em Cristo, nós seremos um só corpo. O corpo desta criança do presépio carrega com a humanidade inteira. Não é sem intenção que Lucas faz nascer Jesus num momento histórico em que se faz o recenseamento de toda a terra. Mateus faz que venham ao presépio os habitantes de longe, do Oriente. Eis juntos os judeus e os pagãos, os pobres representados pelo pastores e os ricos representados pelos Magos. Um pormenor surpreendente. Por ocasião do nascimento de Jesus, os evangelhos não citam nenhuma palavra de José e de Maria. A primeira mulher Eva era muito prolixa (Gen4,1). Por ocasião do seu primogénito dizia: eu adquiri um homem para Javé. Maria fica muda mas conserva todas as coisas no coração. É que com esta criança, palavra que etimologicamente significa sem palavra, tudo é dito e ela é. ao mesmo tempo, a palavra divina e humana.

UMA CRIANÇA NASCEU, UM FILHO NOS FOI DADO. Quem diria que o nosso Deus, Aquele que, tantas vezes, invocamos como poderoso e até como todo-poderoso viesse a incarnar num ser tão frágil, como é uma criança, um recém-nascido? Deus em Jesus se põe ao nosso dispor, com necessidade de ser acolhido por toda a comunidade humana para sobreviver e depois para crescer. O Verbo de Deus, a Palavra de Deus é verdadeiramente divina, quando Ela se esconde e se pronuncia nas palavras dos homens. Mas atenção. Um compromisso para todos nós neste Natal 2015 em que celebramos o nascimento de Cristo: Nascimento de Cristo, nosso renascimento e este ano, com mais razão, porque é o Ano da Misericórdia! Isto é: nascimento de Jesus, meu renascimento, para uma vida entregue a Deus e aos irmãos!.. Ajudemo-nos, para a nossa reconciliação interior e para nos reconciliarmos uns com os outros, com o Sacramento da Misericórdia que é a Confissão dos Pecados ou Sacramento de Penitência. UM BOM NATAL.


P. José Augusto Alves de Sousa,sj

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