Os domingos terceiro,
quarto e quinto da Quaresma formam a segunda parte do tempo litúrgico da Quaresma,
desta caminhada para a Páscoa que cada um de nós está a percorrer, neste ano,
acompanhados das meditações tão saudáveis e carregadas de esperança que nos
inspira o Papa Francisco sobre o Ano da Misericórdia. Afinal, no Mistério
Pascal vamos celebrar a Misericórdia que a todos nas acolhe, a nós, os Baptizados
para renovarmos as Promessas do Baptismo na Vigília Pascal, aos catecúmenos
para serem baptizados nessa noite e, a partir do seu Baptismo em idade a adulta,
começaram a saborear o leite da consolação. Como meditaremos no Evangelho de
hoje há sempre mais uma oportunidade que o Senhor nós dá para acolhermos o
Evangelho. É o sentido da Parábola da Figueira meditada no Evangelho de S. Lucas,
deste Domingo.
Cada ano, nesta
segunda parte da Quaresma que hoje começamos, há um tom próprio marcado pelo
Evangelho que proclamamos: no Ciclo A, a preparação para o baptismo; no Ciclo
B, o caminho para a Cruz; no Ciclo C, o Ciclo deste ano litúrgico, a conversão
e a Misericórdia. “O Nome de Deus é Misericórdia” (Papa Francisco).
O Evangelho de hoje
apresenta com muita exigência a conversão. Não se trata de mais uma penitência
externa, embora também seja necessária, mas sim dum convite à mudança: “Dai-me
Senhor, um coração novo; um espírito novo”... Mudança da minha
mentalidade, duma mentalidade de vingança como era desejada por aquele que
trouxeram a Jesus o caso do assassinato de alguns compatriotas pelo tirano
Pilatos e aqueles que, desprevenidos ficaram sobre os escombros da Torre de Siloé.
Jesus refuta a doutrina tradicional dos fariseus, segundo a qual os que são
atingidos por alguma desgraça são culpados, por algum pecado e merecem ser
castigo de Deus. E o que dizemos nós muitas vezes às nossas crianças quando
fazem alguma birra ou alguma partida? “Olha que Deus te castiga”. O Deus
punidor ou castigador está longe de desaparecer da nossa mentalidade. O
problema dos Galileus não está neles que coitados morreram, o problema está
connosco, os vivos que, quantas vezes, damos por certo, que nada é connosco.
Sim, eu não mato, nem roubo!..
Mas o Senhor dá-nos
sempre uma oportunidade para a conversão como se ilustra na Parábola de Figueira.
Se temos alguma coisa de que me acusa a consciência, aproveitemos o Ano da
Misericórdia para nos ajoelharmos diante de algum sacerdote e fazermos a
Confissão Sacramental.
Porque não, aproveitar
este tempo da Quaresma como um tempo especial para se atenderam Confissões em
todas as Paróquias da nossa Diocese, nas casas religiosas, nos Hospitais?
E se não for hoje,
amanhã ou depois, não deixemos de o fazer, porque o Senhor dá sempre mais um
ano à figueira para dar bons frutos!..
O santo Padre
Francisco diz muitas vezes: “Deus não se cansa de perdoar, somos nós que nos
cansamos de lhe pedir perdão”.
Padre José Augusto
Alves de Sousa S.J.