O PERCURSO DE TOMÉ
A identidade
do Senhor Ressuscitado está para além do rosto. Por isso, vê-lo não implica
necessariamente reconhecê-lo. A identidade do Ressuscitado Vem de dentro.
Reside na sua vida a nós dada por amor até ao fim, aponta para a Cruz. Por
isso, Jesus mostra as mãos e o lado, sinais abertos para entrar no sacrário da
sua intimidade, dádiva infinita que rebenta as paredes dos nossos olhos
embotados e do nosso coração empedernido.
Oito dias
depois, estavam outra vez os discípulos com as portas fechadas e Tomé estava
com eles. Veio Jesus, ficou no MEIO, saudou-os com a paz, e dirigiu-se logo a
Tomé desta maneira: «Traz o teu dedo aqui e vê as minhas mãos, e traz a tua mão
e mete-a no meu lado, e não sejas incrédulo, mas crente!» (João 20,27). Aí está
Tomé adivinhado, desvendado e desarmado. Também ele podia ter pensado: «E como
é que ele sabia que eu queria fazer aquilo?». Tomé cai aqui, adivinhado e
antecipado, precedido por Aquele que nos precede sempre. Não quer tirar mais
provas. Diz de imediato: «Meu Senhor e meu Deus!»
Senhor Jesus,
Há tanta gente que Te procura à pressa e Te quer ver.
Mas quando dizem que Te querem ver,
Não é para Te conhecer.
É o teu rosto, a cor dos teus olhos e cabelos,
A tez da tua pele, a tua forma de vestir que os atrai e contagia.
Querem ver-te como se fosse numa fotografia.
Mas Tu, Senhor Jesus Ressuscitado,
Quando Te dás a conhecer a nós,
Não mostras o rosto,
Uma fotografia,
O cartão de cidadão.
Se fosse assim,
Mal seria que os teus amigos Te não reconhecessem.
E o facto é que,
Quando surges no meio deles,
Não Te reconhecem.
E em vez do rosto,
São, afinal, as mãos e o lado que apresentas.
Entenda-se: é a tua maneira de viver que nos queres fazer ver.
Na verdade, a tua identidade é dar a vida,
É dar a mão e o coração.
É essa a tua lição, a tua paixão, a tua ressurreição.
Senhor, dá-nos sempre desse pão!
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