Caríssimos amigos, irmãs e irmãos;
As leituras de hoje falam-nos de duas vocações muito bonitas; a primeira, a do jovem Samuel, tirada da primeira leitura; e a segunda, tirada do evangelho; recorda a história de alguém que na sua velhice, -teria cerca de 90 anos- portanto, um ancião recorda o dia e a hora em que se tinha sentido chamado, de quem se trata? Do evangelista João.
Na primeira leitura, Deus chama, Deus toma sempre a iniciativa… Samuel não percebe e confronta-se com Heli. Heli orienta Samuel. Pela insistência do chamamento, há uma espécie de discernimento que leva a uma atitude de abertura, aceitação e correspondência da parte de Samuel.
Isto significa que a experiência de Deus ainda que única, pessoal, e irrepetível, é também uma experiência dos outros, com os outros, comunitária, e em Igreja. É possível e desejável ter experiências pessoais de Deus, mas não experiências directas de Deus, individuais, isoladas da comunidade, de um povo que caminha, peregrina, busca. A minha fé, é a fé da Igreja, assim ouvimos, e reconhecemos no momento do baptismo.
Samuel viveu e percebeu isto por dentro. E por isso foi confirmado.
O Evangelho de João recorda também os primeiros chamados: "vinde ver", dizia Jesus, foram, gostaram e ficaram. Nesta passagem não é relevante o local onde Jesus mora; se assim fosse, Jesus poder-lhes-ia dar o endereço, mas aqui, na nossa linguagem, não importa tanto a 'habitação' mas o 'lar', isto é; o ambiente, a atmosfera, o estilo de vida que nutria Jesus: seguiram-No, deixaram-se envolver pela atmosfera de Jesus e disseram: assim nós também queremos viver. João, recorda o dia e a hora: era por volta das 4 da tarde: que grande experiência, ao ponto de nos seus 90 anos não ter esquecido este momento único da sua juventude. De facto, as experiências de afecto, de amar, e sentirmo-nos amados, são as que mais marcas deixam, e estas são de tal modo fortes que nem o tempo desgasta. Este afecto é muito mais humano quanto mais tem as marcas do divino. Também hoje Jesus me/te/nos pode chamar. Coração desperto, ouvidos atentos, não só para o ouvir, mas também saber escutar.
Notas tiradas da homilia do Padre Francisco Rodrigues, na missa da catequese, dia 17 de Janeiro de 2009.
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