Nosso Senhor Jesus Cristo é o Rei da Cruz, da entrega, e todo
o seu poder, honra e realeza vem dai, do trono da cruz, do trono de luz jorra o
Amor infinito!
Na cruz Deus mostra o que é. Na cruz Jesus está disposto a
dar a vida por ti, por mim, por todos, para que tu e outros tenham vida e a
coloquem ao serviço dos demais. Desta Vida gerada na cruz, nós podemos beber. Daí
nasce a fé, alarga-se e abre-se o coração, onde cabemos todos e donde brota, a
paz, o perdão, a justiça, a verdade, o Amor.
Jesus é o Rei que chama amigos aos seus discípulos e não
servos ou súbditos e diz-lhes “Ninguém
tem maior Amor do que Aquele que dá a vida pelos seus amigos” (Jo 15,13). Jesus
é o Rei que não humilha, não escraviza, não é um rei tirano, mas está com as
pessoas, entrega-se por elas, inclina-Se até elas porque as ama e está ao seu
serviço.
É o Rei que não acusa, mas que acolhe, escuta, perdoa. Temos
como exemplos as histórias e encontros com Zaqueu: “desce depressa, Zaqueu, pois tenho de ficar em tua casa” (Lc 19,
6), ou a história e encontro com a mulher pecadora, apanhada em adultério e que
os acusadores trazem para ser apedrejada: “Mulher, ninguém te condenou? Ela respondeu: ‘Ninguém,
Senhor’. ‘Nem Eu te condeno’, disse-lhe Jesus. Vai e doravante não voltes a
pecar” (cf Jo 8, 1-11), e ainda a história de
Mateus, e não terminam estes encontros de acolhimento e de perdão do Rei,
chamado Jesus…
Jesus Cristo é o Rei que
toca e se deixa tocar (exemplo a mulher que sofria de uma hemorragia, há muitos
anos, e que toca nas vestes de Jesus e fica curada), é o Rei que se aproxima e
deixa que outros se aproximem dele, como por exemplo a pecadora arrependida em
casa do fariseu Simão (cf. Lc 7,36-50), e que acarinha, e acolhe, abençoa as
crianças (Mc. 10, 13-16), apresentando-as como
exemplo de humildade.
É o Rei que se coloca a caminho com as pessoas do seu tempo,
como por exemplo com os discípulos de Emaús e peregrina, interior e
exteriormente com eles (Lc 24, 13-35). É o Rei que convoca, reúne, constrói a
unidade: reúne as ovelhas dispersas, perdidas; é o Rei Ressuscitado que reúne
os seus discípulos dispersos e amedrontados, depois da Sua paixão e morte, e
transmite-lhes a alegria e esperança da Ressurreição.
É o Rei que se curva, inclina lá do alto e vem até nós. Nos
evangelhos, temos muitos exemplos desses, mas menciono só três ou quatro: a
encarnação e nascimento de Jesus, em que Ele se faz um de nós, no presépio;
contemplamos também Jesus presente na figura do Bom Samaritano que para e se
inclina sobre aquele homem ferido e cuida das suas feridas, cuida dele; vemos
também Jesus curvado inclinado, quando, na Última Ceia, lava, com toda a
humildade e capacidade de serviço, os pés aos discípulos; e um quarto episódio:
e o auge desta inclinação acontece quando, na cruz, Jesus suspira e inclina a
cabeça entregando a Vida por nós.
O Nosso senhor Jesus Cristo, nosso Salvador é Rei que busca,
que procura a ovelha perdida, é o Bom Pastor, que vive de encontros e dá vida
por aqueles que encontra. Jesus é o Rei da inclusão e não da exclusão, por isso
senta-se à mesa e come com os pecadores, os diferentes, fala com eles,
acolhe-os e inclui-os no grupo dos seus seguidores e amigos, como por exemplo
José de Arimateia, o filho pródigo que regressa a casa, o bom ladrão que é
crucificado ao lado de Jesus, etc.
É o Rei que vem para “dar testemunho da verdade” (cf. Jo
18,33-37), e que restitui cada um de nós à nossa verdade. Por isso nos convida
a escutar a sua voz, para caminharmos e sermos homens e mulheres da verdade.
Jesus leva cada um de nós à justiça, à verdade, à paz, à santidade, ao amor.
O nosso salvador é o Rei que realiza a reconciliação
universal – é Rei no Universo – no altar da redenção, no altar da cruz, porque
o seu poder, honra e realeza estão nessa entrega amorosa e gratuita, redentora!
Ele é o Rei da Glória! Glória ao Senhor, louvor ao Senhor, bendizei o Seu Nome!
Solenidade
de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo,
2012-11-25
P.
Hermínio Vitorino, sj