Sábado Santo
O sábado santo não é
apenas um dia imenso: é um dia que nos imensa. Aparentemente representa
uma espécie de intervalo entre as palavras finais de Jesus pronunciadas na
sexta-feira santa, "tudo está consumado", e a Insurreição da vida
que, na manhã da Páscoa, que ele mesmo protagoniza. O sábado tem assim um
silêncio que não se sabe bem se é ainda o da pedra colocada sobre o túmulo, ou
se é já aquele misterioso silêncio que prepara "o grande
levantamento" que a ressurreição significa. Este "intervalo",
esta terra de ninguém, este tempo amassado entre derrotas e esperança, entre
provação e júbilo é o da nossa vida. O silêncio do sábado santo é o nosso
silêncio que Jesus abraça. O silêncio dos impasses, das travessias, dos
sofrimentos, das íntimas transformações. Jesus abraça o silêncio desta sôfrega
indefinição que somos entre já e ainda não.
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