domingo, 29 de setembro de 2013

SEMANA NACIONAL DA EDUCAÇÃO CRISTÃ 29 de setembro a 6 de outubro

GUARDAR A FÉ – GUARDAR O OUTRO»
Nota Pastoral para a Semana Nacional da Educação Cristã

O bom samaritano (1890)
Vincent Van Gogh

A expressão é do Papa Francisco e alerta para a vivência do Ano da Fé. Pelo seu sentido e alcance foi escolhida para lema da Semana Nacional da Educação Cristã.
O Ano da fé, no dizer de Bento XVI que o proclamou, “é um tempo de graça que nos tem ajudado a sentir a grande alegria de acreditar, a reavivar a perceção da amplitude de horizontes que a fé descerra, para a confessar na sua unidade e integridade, fiéis à memória do Senhor, sustentados pela sua presença e pela ação do Espírito Santo.”
Todos são chamados a reconhecer a fé como dom inestimável de Deus. Um dom de amor de Deus para connosco que não se pode separar do amor e da atenção aos outros, crentes ou não crentes, concidadãos ou estrangeiros. Dom de Deus recebido deve ser sempre dom comunicado e partilhado. Só o poderá ser, se for proposto de maneira viva, traduzindo a fé no testemunho
das boas obras e da vida cristã que nascem da fé.
Guardar a fé é apreciá-la, agradecê-la, alimentá-la, celebrá-la, viver dela, torná-la inseparável da esperança e da caridade em todas os momentos e circunstâncias da nossa vida concreta. É fazer dela vida e sentido para a vida. É mostrar que amar a Deus e ao próximo é o mesmo mandamento do amor. É olhar para o Alto, de onde nos vem todo o dom perfeito e a luz para o espírito, olhar à nossa volta e ver com os olhos do coração quem nos cerca e vai pelo mesmo caminho, olhar sempre com os olhos atentos e amorosos de Deus. Diz o Papa Francisco, na sua primeira encíclica “Luz da fé”, que “urge recuperar o caráter de luz que é próprio da fé, pois, quando a sua chama se apaga, todas as outras luzes acabam também por perder o seu vigor”. Vemos como é verdadeira esta palavra no dia a dia de muitos cristãos e comunidades cristãs. Se a fé é luz, tudo no crente ilumina a sua vida e isso o leva à preocupação de que pelo seu testemunho também os outros vejam e se abram ao dom de Deus. Assim se concretiza o “Guardar a Fé – Guardar o outro”.
A fé não é um ensinamento de doutrina que leva o crente apenas a algumas práticas religiosas. É vida que gera vida. É um ato de amor que gera e comunica amor. É realizar, num único gesto, o mandamento de amar a Deus e ao próximo.
Os educadores da fé devem, por isso, ter o cuidado de transmitir a mensagem de modo a que ela seja um “ensinamento para a vida”. É isso mesmo a catequese. Só ensinando a ver os outros com os olhos de Deus sentiremos que estamos no caminho da fidelidade à missão de educadores da fé. Assim ajudaremos as crianças e os jovens a experimentar que não se pode amar a Deus sem amar o próximo. E amar não é um mero sentimento de simpatia, mas um gesto convicto de acolhimento e respeito, de ajuda e partilha fraterna, de presença amiga na alegria e na dor, de estar atento e tratar cada pessoa, conhecida ou desconhecida, como se trataria o próprio Jesus, Filho de Deus e nosso Irmão.
Que esta Semana Nacional da Educação Cristã ajude todos os educadores da fé a viver como crentes esclarecidos e coerentes, e a serem mediadores fiéis dos dons de Deus, postos tão generosamente ao alcance de todos.

Festa da Natividade da Virgem Santa Maria
8 de setembro de 2013

domingo, 15 de setembro de 2013

Domingo XXIV do Tempo Comum

                                                                                                Palma Giovane

 Eu sabia que voltarias /regressarias a casa

Eu sonhei tanto, que nos voltaríamos a encontrar,
Nunca duvidei de ti, sabia que voltarias.
Suspirei muito para que ver o momento em que tu chegarias /regressarias
através de uma porta estreita,
Trazendo todo o amor que tínhamos partilhado.
Oh, estava seguro de ti, te amava tanto,
Esperava em ti, sabia que voltarias a casa.

Oh, eu estava certo de que voltarias a estar connosco:
Por fim, às vezes o meu coração te podia ver (avistar)!
Oh, eu estava seguro de ti, sentia-te, de certo modo, perto de mim.
Não via a hora de dizer-te rios de coisas para te consolar,
de ter-te apertado para te dar segurança e acolher-te nos meus braços.
No longo e silencioso momento em que aparecem as estrelas
comunicar-te o amor que te salvaguarda de todo o mal,
que te acolhe, te mantém seguro, guardando-te do medo
até que a solidão e a escuridão não tenham desaparecido.

Oh, eu te reclamei no meu coração,
buscando este tempo de solidão,
pois queria dizer-te que mesmo na escuridão o nosso amor cresceu.
Oh, eu estava seguro de que voltarias a estar de novo connosco,
às vezes o meu coração conseguia ver-te (avistar-te)!
Oh, eu estava seguro de ti, sentia-te, de certo modo, perto de mim.

Eu confiei em ti, te amei,
Acreditei em ti, (porque) sabia que voltarias a casa
Confiei em ti; sabia que voltarias a casa.

Tom McGuiness, sj




segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Domingo XXIII do Tempo Comum

“SENTAR-SE, PENSAR, AMAR, DECIDIR"

(Lucas 14,25-33)

1. Desde Lucas 9,51 que Jesus está decididamente A CAMINHO de Jerusalém. E assim continuará até 19,28. Com este belo recurso à tipologia do CAMINHO e do verbo CAMINHAR, Lucas exemplifica e clarifica o modo cristão de viver. Porque todo o CAMINHO abre o mundo ao meio, ao mesmo tempo que vai desenhando e actualizando a nossa vida Num mundo plano como o nosso, o Evangelho de Lucas rasga CAMINHOS e procede a verdadeiras operações de CORAÇÃO aberto. CAMINHO que abre CAMINHOS novos, novas maneiras de viver, com Jesus, que é o CAMINHO, sabe o CAMINHO, mostra o CAMINHO e faz o CAMINHO.

2. E aí está o Evangelho deste Domingo a abrir com a indicação de que «CAMINHAVAM com Ele multidões numerosas». E Jesus, sempre com tempo, a voltar-se para nos dizer palavras cortantes como: «Se alguém vem ter comigo e não odeia o próprio pai e a mãe e a mulher e os filhos e os irmãos e as irmãs, e até a própria vida, não pode ser meu discípulo» (Lucas 14,26-27). O que se diz aqui da família mais directa e da própria vida, dir-se-á um pouco mais à frente dos «próprios bens»

Não é necessário «odiar» ninguém. Mas é preciso, é decisivo, «amar mais», para sermos e termos «mais» irmãos.

A palavra «odiar», é usada aqui porque a tradução do modo de dizer aramaico, hebraico e semítico em geral, são línguas que não têm outro verbo para dizer «preferir». O sentido do texto acima não passa por «odiar» a família ou a própria vida, mas por alguém «preferir» ou «pôr antes» do seguimento de Jesus a família, a própria vida ou os bens. Em conclusão esta palavra tinha um sentido bastante diferente daquele que lhe damos hoje.
“Posto isto, entenda-se bem que o CAMINHO de Jesus é um CAMINHO de decisões fortes, radicais. Sendo que «decisão» deriva de «decidere», cuja etimologia remete para «cortar». Aí estamos no domínio da operação de CORAÇÃO aberto que tem de fazer todo o discípulo de Jesus.
Sendo um CAMINHO de decisões fortes, de cortes, é também um CAMINHO de ponderação e deliberação atenta e serena. Por isso, por duas vezes, o dizer de Jesus convida a «sentar-se primeiro» (Lucas 14,28 e 31).

A Assembleia Dominical é um tempo extraordinariamente denso e intenso, em que os discípulos de Jesus e as multidões se sentam para ouvir a Palavra de Deus, e para tomar as decisões consentâneas com a força da Palavra que escutamos. Todos os discípulos de Jesus se devem sujeitar urgentemente a esta operação de CORAÇÃO aberto”.

D. António Couto - Mesa de Palavras
Adaptado: p. Hermínio Vitorino sj

Imagens: a arte de Rupnik