Todos nós,
em união com a Igreja, pedimos pelos nossos defuntos para que vivam a plenitude
da alegria no Céu. Por isso, celebramos a liturgia dos defuntos, antes de nos
privarmos da sua presença física. E, no dia 2 de Novembro, chamado dia dos
fiéis defuntos, a Igreja ora particularmente por todos aqueles e aquelas que
nos precederam. Neste dia 2 de Novembro e, também, na véspera de todos os
Santos que ontem celebramos, costumamos arranjar as campas, florir os sepulcros,
limpar as casas mortuárias, onde jazem os sinais da presença daqueles e daquelas
que nos deixaram. Quem não viu partir algum dos seus familiares para a casa do
Pai!.. Junto dos sinais da sua presença, em casa, nos cemitérios, na nossa
lembrança, diante dum álbum de fotos, façamos por eles uma oração silenciosa
que brota do fundo do coração. Que esta nossa oração seja uma oração afectiva,
onde sentimos sua presença, mas sobretudo a presença do Senhor Jesus Morto e
Ressuscitado que nos consola e nos segreda baixinho que a morte não é o fim da
vida mas, passagem para a plenitude da verdadeira vida, prolongamento da vida
que temos aqui e agora, segundo um modo completamente diferente. Contemplando o
Senhor Jesus, a sua Mãe Santíssima, S. José, os Santos da nossa devoção, todos
eles nos podem ajudar a ultrapassar os momentos de luto que, por vezes, se
prolongam tanto que nos tiram a felicidade. Os nossos que partiram, desejam que
sejamos felizes e pedem-nos para não eternizarmos, nas nossas vidas o “tempo do
luto”? A Igreja nos propõe sabiamente que afoguemos os nossos lutos, que
enxuguemos as nossas lágrimas, que matemos as nossas saudades, neste dia de
luto, o dia 2 de Novembro. Por isso, a nossa lembrança dos mortos não pode ser
permanente. Não tenhamos medo se, neste dia, reavivamos aquilo que foi bom e
também aquilo que foi menos bom na convivência com aqueles e aquelas que nos
deixaram, mas leiamos a vida que tivemos, em conjunto, sob o olhar justificante
de Deus. E Paulo nos exorta, com estas palavras de confiança:”Tudo aquilo que
vivemos torna-se luz e o que é posto às claras è luz” (Ef.5,14).
O dia dos
fiéis defuntos nos ajuda a reviver as nossas lembranças na serenidade da fé.
Orar por aqueles e aquelas que fizeram parte da nossa fé, por todos os que se
atravessaram nas nossas vidas, fossem eles crentes ou não crentes ou
pertencentes a outros credos e religiosos. Pedir para que eles se associem às
dificuldades da nossa vida e que nos ajudem ainda com a sua oração, junto de
Deus, para que Ele nos ajuda a fazer a grande passagem desta vida para a outra
vida, a vida eterna. A Igreja fala da comunicação dos santos, Tanto no dia 1 de
Novembro com no dia de hoje, 2 de Novembro.
Certamente
que tudo o que vimos dizendo, à luz de fé, não chega a decifrar totalmente o
enigma da morte, Na liturgia dos fiéis defuntos, Deus não nos vem decifrar esse
enigma ou explicá-lo e menos ainda poupar-nos á morte. Vem sim partilhar a
nossa morte com tudo o que ela tem de dor e até de noite escura, angústia e
solidão. Mas olhemos para Cristo Jesus na Cruz “Meu Deus, Meu Deus, porque me
abandonaste”. Mas Jesus e nós com Ele, sabemos da glória de Deus que se
manifestará em nós, em Jesus Cristo. Certamente que a morte daqueles que amamos,
nos lembra também a nossa morte. Duro, muito duro, este encontro!.. Mas a fé
pode coabitar com as trevas mais espessas e é, na noite escura, que a fé pode crescer.
Foi assim com Cristo, com os Santos… com Nossa Senhora, a Mãe das Dores, no
Calvário.
P. José
Augusto de Sousa, sj
Imagem: William-Adolphe Bouguereau
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