domingo, 6 de novembro de 2016

XXXII Domingo Comum

1. Há quem diga que o mês de novembro é o mês dos mortos! No dia 1, muitas pessoas passaram pelos cemitérios, para recordar os que partiram antes de nós. Nesse dia e no dia seguinte, muitos realizaram um gesto de carinho, com os seus familiares e amigos: acenderam uma vela, puseram uma flor, rezaram um pouco! Com esses gestos simples, os amigos dizem aos amigos: “Tu estás sempre vivo no meu coração”. “Eu não te esqueço”. “Tu não morres, porque te amo”! Na verdade, “amar alguém, é dizer-lhe «Tu não morrerás»”. Se passarmos pelo cemitério veremos lápides, com frases semelhantes a estas. E, qualquer um de nós, tenho a certeza, se pudesse, restituiria a vida, a quem tanto amou e já partiu. Mas todos sabemos que este nosso grande “amor” é ainda assim muito pequenino e frágil; esta lembrança, esta saudade, não bastam, para não deixar morrer para sempre alguém, que partiu antes de nós. É preciso um amor mais forte do que a morte, para vencer a morte.

2. Jesus diz-nos que, para Deus, seu Pai, todos vivem! Só o Seu amor é mais forte do que a morte. O nosso Deus não é um Deus que vê os seus filhos morrer e vai ficando, cada vez mais, rodeado de mortos! Não. O nosso Deus não é um Deus de mortos, mas um Deus de vivos, porque para Ele todos vivem! Jesus diz-nos que o nosso Deus é amigo da vida e que dá vida aos seus amigos: não nos dá uma vida igual à que já temos, como quem prolonga a vida presente; não se trata menos ainda de uma vida de regresso ao passado. Não. A vida que Deus nos dá é uma vida nova, porque é uma vida transformada pelo Seu amor; é uma vida já sem dor, sem lamento. Esta é a vida futura dos filhos da ressurreição, dos filhos de Deus! Quem nos alcançou esta vitória da vida sobre a morte, foi Jesus, ao morrer como nós, para nos ressuscitar com Ele.

3. Mas, como assim? Como ressuscitam os mortos? São Paulo autoriza-nos a recorrer à imagem exemplar da semente e do seu fruto. Apesar de uma aparência diferente, entre a semente e o fruto, trata-se de uma mesma realidade, que ali estava escondida, mas que, uma vez lançada à terra, se manifesta em toda a sua beleza (Col 3,3).

Eis uma vida que não acaba, apenas se transforma! Assim também acontece com a ressurreição dos mortos. Graças ao poder de Deus, em dar vida, também a semente do nosso corpo, ganha, pela ressurreição, uma existência plena, nova! É algo de tão belo que já mais poderemos prever ou imaginar (cf. 1 Cor 5,42-44). Seremos como anjos, que refletem a luz de Deus!

Padre Amaro Gonçalo
Paróquia da Senhora da Hora (subsídios)


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