«Se conhecesses o dom
de Deus e quem é Aquele que te diz:
‘Dá-Me de beber’, tu é que Lhe pedirias e
Ele te daria água viva».
Na sua viagem da Judeia para a Galileia, Jesus atravessa a Samaria.
Cansado da viagem parou na cidade de Sicar e não hesita em
pedir de beber a uma mulher samaritana. Mas a sua sede estende-se muito para
além da água física: é também sede de encontro e desejo de abrir diálogo com
aquela mulher, oferecendo-lhe assim a possibilidade de um caminho de conversão
interior. Jesus é paciente, respeita a pessoa que tem à sua frente,
revela-Se-lhe progressivamente. O seu exemplo encoraja-a a procurar um
confronto sereno com o outro. As pessoas, para se compreenderem e crescerem na
caridade e na verdade, precisam de se deter, acolher e escutar.
A mulher de Sicar interpela Jesus sobre o verdadeiro lugar
da adoração a Deus. Jesus não toma partido em favor do monte nem do templo, mas
vai ao essencial derrubando todo o muro de separação. Remete para a verdade da
adoração: «Deus é espírito; por isso, os que O adoram devem adorá-Lo em
espírito e verdade» (Jo 4, 24).
Pouco a pouco, a mulher samaritana compreende que Aquele
que lhe pediu de beber é capaz de a saciar. Jesus apresenta-Se-lhe como a fonte
donde jorra a água viva que mata a sua sede para sempre (cf. Jo 4, 13-14).
O encontro com Jesus transforma a samaritana. Tendo
recebido um dom maior e mais importante do que a água do poço, a mulher deixa
lá o seu cântaro (cf. Jo 4, 28) e corre a contar a todos que
encontrou o Messias (cf. Jo 4, 29). Este encontro restitui-lhe o
significado e a alegria de viver, e a mulher sente o desejo de comunicá-lo.
Hoje, há uma multidão de homens e mulheres, cansados e sedentos, que nos pedem
a nós cristãos, para lhes dar de beber.
É um pedido a que não nos podemos subtrair. O compromisso
comum de anunciar o Evangelho permite superar qualquer forma de proselitismo e
a tentação da competição. Estamos todos ao serviço do único e mesmo Evangelho!
Papa Francisco - HOMILIA NA PRAÇA DE S. PEDRO (III Dom.
Quaresma 2013)
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