Na entrada jubilosa de Jesus em Jerusalém, eu, como tantos outros, misturado na multidão dos simples peregrinos que, tendo ouvido falar da ressurreição de Lázaro e da chegada de Jesus, vou ao Seu encontro e acompanho-O, contemplando-O.
O Senhor entra na sua cidade de Jerusalém, vem montado num jumentinho, de acordo com a profecia. Um animal que nada tem a ver com uma montada real e o jumentinho nem sequer lhe pertence, porque o deve restituir Estendem-se as capas e ramos de árvores no caminho, a multidão canta «Hossana» saudando e gritando: «Bendito o que vem em nome do senhor!».
Medito, meditemos para tirarmos proveito!..
Misturo-me também eu com esta multidão de pessoas que estendem os seus vestidos e ornamentam com palmas o percurso do Rei de Israel que eles aclamam, com grande escândalo de todos os fariseus, os de então e os de hoje. Aclamo-O, a Ele que vem tomar posse dum Reino que não é deste mundo, mas que está nele incorporado.
Mateus diz-nos que Jesus procede assim para cumprir a Escritura, Isaías anuncia que o rei entra em Jerusalém, não para governar, mas para servir. Contudo, neste triunfo, a multidão que o aclama está ofuscada, longe de compreender a significação plena. Não se trata de aclamar um rei que subjuga a vida e a amarra para servir o poder, mas um rei que dá a vida e não sacrifica vidas como fazem os reis deste mundo.
Caminho e bato palmas com o entusiasmo dos discípulos, sem saber que não se trata de um triunfo através do poder, do ter e do aparecer (a tentação do Deserto) mas sim de um triunfo do serviço a Deus e aos homens?
À frente do cortejo gritam as crianças, atrás e um pouco à distância, aqueles que não comungam ainda a minha fé, os piedosos pagãos, os tímidos, mas que se aproximam de Jesus e Jesus vê neles as primícias da próxima glorificação. A Sua morte, como o grão lançado à terra, produzirá o seu fruto, dirá Jesus aos que o quiseram ver: “Quando for levantado da terra atrairei a Mim todos os homens” sem excluir ninguém, nem a um desses mais pequeninos.
A própria natureza geme com a aproximação da sua “Hora”, e a alegria das flores de Páscoa e já são sinal da terra fecunda. A “Hora” de Jesus diz-nos que não estaremos nunca sós. Na Cruz, resplandece a fé a esperança e a caridade. A fé, porque Jesus, apesar do Seu abandono, aparente, se confia ao Pai: “Pai, nas tuas mãos, entrego o meu espírito”. A esperança, porque uma vida nova se espera além da morte. O amor (a caridade), porque não há maior amor do que dar a vida.
Quando sepultaram Jesus, salta à vista que Jesus é depositado num sepulcro novo, onde ainda ninguém tinha sido sepultado. Mostra-se assim que Jesus é de facto o Rei Messiânico esperado: o Rei é o primeiro em tudo. E continuamos ver o olhar atento das mulheres e os perfumes que preparam e que abrem o nosso olhar para a Ressurreição, onde culmina a Hora de Jesus.
E assim se abrem para todos nós as portas da vida.
A nossa vida cristã é também uma entrada na Nova Jerusalém, uma introdução no universo chamado a tornar-se uma aprazível Cidade de Deus, um Novo Céu e uma Nova Terra.
Os hossanas da multidão que aclama sejam também os meus hossanas, nos dias bons e nos menos bons! Na Cruz resplandece o amor. É o que faz Cristo, dando a vida àqueles que Lha queriam tirar.
Quero gritar-Te Senhor, a minha alegria.
Tu conheces os meus desejos mais sinceros e profundos.
E quiseste entrar na minha cidade.
Vieste à minha vida e trouxeste o dom de Deus.
Para Ti, o meu aplauso, o meu louvor, a minha adoração
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