Era uma vez o Amor...
«Salvou os outros e não conseguiu salvar-Se a Si mesmo», comentava-se junto Daquele crucificado, sem perceber nada da sua história.
Exatamente porque Ele se dispõe a amar-nos, Ele não pode salvar-se a si mesmo. Porque o que é próprio do amor é esse deixar de pensar em si. É esse abandono, é essa pobreza radical, é essa entrega, em que o outro, o outro, é colocado no centro. Nós estamos no centro do gesto de Jesus. Da sua história de amor, da sua entrega.
Na verdade, a história mais simples do mundo, mas por vezes complicamos tanto a simplicidade do mundo! Comprometemos a transparência da vida com o nosso excesso de razões! No entanto, aquela história, a de Jesus, conta-se assim: «Era uma vez o Amor...».
O amor, essa entrega de nós para lá do cálculo e da
retenção, a ponto de não conseguirmos viver para nós próprios.
O amor, essa descoberta de que ou nos
salvamos com os outros (porque aceitamos o risco de viver para os outros) ou
gastamos inutilmente o nosso tesouro.
O que se comentava junto da cruz, naquele dia, não era um
insulto, mas o maior dos elogios feitos a Jesus. Compreender isso é, de alguma
maneira, acolher o sentido verdadeiro da Páscoa.»
Pe. José Tolentino Mendonça
(excertos de textos e homilias)
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