Caras irmãs e irmãos; gostaria de sublinhar três ideias fundamentais sobre as leituras proclamadas, seguida de uma aplicação às intenções específicas que hoje temos na nossa oração eucarística.
A Primeira Leitura, tirada do livro do Profeta Isaías, refere o significado de um tempo favorável, isto é, tempo de graça. Porquê? Porque a Espírito de Deus está com Isaías, e por ele, chega às comunidades, ao povo Israelita em peregrinação, em busca do encontro com Deus, com os outros, com ele próprio.
Esta é hoje a nossa situação, a realidade, a beleza do nosso tempo: tempo do advento, tempo de espera activa, expectativa, tempo de caminhar em direcção ao Presépio. No presépio, encontrar-nos-emos e reconhecer-nos-emos todos. O Presépio que fazemos nas nossas casas; é um convite a que o façamos no nosso coração. Encontrar Deus de verdade, implica necessariamente reconhecê-lo nos demais, sob pena de vivermos iludidos, alienados, adiados!
A segunda leitura faz-nos um convite a não desperdiçar o privilégio de termos Deus connosco, que, na medida em que a Ele aderimos, colocamos os meios, Ele nos ilumina, concorre, isto é; corre connosco, em direcção ao presépio. Neste sentido, podemo-nos inspirar nas palavras do texto: Pela acção do Espírito Santo, avaliai tudo, e conservai o que é bom. Hoje em dia, sabemos que muitas situações e vidas humanas bloqueiam, emperram, porque sem discernimento, nem se avalia o que é devido, menos ainda se fica com o que é bom; na relação com as coisas; com os outros, connosco próprios. E por isso, há o risco de entender o que é bom como algo que corresponde ao orgulho pessoal; egoísta, e não como sendo bom o que quer que seja para nós, mas sempre em relação à comunidade, e em família. O que é bom, não nos isola dos outros; mas antes liga-nos aos outros: na alegria, na paz, no respeito, e até no sofrimento partilhado.
O Evangelho fala-nos de uma personagem de todos nós conhecida: João Baptista. Talvez uma das personagens do Evangelho que mais se tenha notabilizado por saber ocupar o seu devido lugar no mundo, na história, na relação com Deus. João foi um homem grande na justa medida em que não quis ser o que não era; menos ainda ser obstáculos de vida, de acção, de reconhecimento para os outros. E neste contexto, os Outros; concretamente o OUTRO é o próprio Jesus por quem João vem à frente a abrir caminhar, preparar o terreno, e tudo fazer para que a Missão de Jesus se concretizasse. E João percebeu, que a Missão de Jesus, começava com ele próprio. De facto, cada um de nós, desempenha um papel insubstituível para que a missão de Jesus se concretize hoje, aqui e agora.
Hoje, nesta eucaristia, celebramos a missa de 7º dia de alguém que peregrinou no verdadeiro sentido da palavra; para além de uma peregrinação visível, fez a sua longa peregrinação interior; em busca das origens que transcendem o imediato; do sentido que está para além da lógica humana. Este nosso irmão; António Alçada Baptista; que a todos nos une: pela oração da eucaristia; pelos laços da Fé; pelos laços do Espírito Santo; pelos laços de sangue, amizade ou laços de interesses culturais. Por isso, com afecto, saudade, e animadas pela fé, recordamo-lo como alguém, como nós, que não era perfeito, (por isso o trazemos à nossa oração) mas que não viveu como número no meio das massas; antes, intuiu a vida que brota da alma; intui o sentido que se descobre através da busca, da procura; experimentou o afecto que vivido na gratuidade, atrai para a respeitosa relação de uns com os outros. Rezamos e confiamos a Deus alguém que vivia numa saudável insatisfação de ser, e ver mais, compreender melhor, deixar-se implicar sempre; sabendo correr riscos; sabendo que o maior risco é ver o mundo a passar, mas não passar pelo mundo com os olhos na eternidade. O sinal Mais é também o sinal da Cruz e só a Cruz nos leva à maior compreensão da vida, dos outros, das coisas. Que o nosso irmão António, que já contempla o amor de Deus, possa obter d’Ele o seu sorriso, terno, afectuoso, misericordioso; veja, face a face, o sorriso de Deus; ou Deus que sorri. Que com Ele agora, contemple e viva, como amigos que se encontram. Deus é tudo para nós, e é também alguém com quem se pode discorrer; num ameno diálogo; enquanto peregrinamos neste mundo, e um dia na eternidade, já não para buscar sentido, mas para saboreá-lo.
Tudo isto também é advento, e também nos pode levar ao presépio.
Homilia do Padre Francisco Rodrigues,s.j.
A Primeira Leitura, tirada do livro do Profeta Isaías, refere o significado de um tempo favorável, isto é, tempo de graça. Porquê? Porque a Espírito de Deus está com Isaías, e por ele, chega às comunidades, ao povo Israelita em peregrinação, em busca do encontro com Deus, com os outros, com ele próprio.
Esta é hoje a nossa situação, a realidade, a beleza do nosso tempo: tempo do advento, tempo de espera activa, expectativa, tempo de caminhar em direcção ao Presépio. No presépio, encontrar-nos-emos e reconhecer-nos-emos todos. O Presépio que fazemos nas nossas casas; é um convite a que o façamos no nosso coração. Encontrar Deus de verdade, implica necessariamente reconhecê-lo nos demais, sob pena de vivermos iludidos, alienados, adiados!
A segunda leitura faz-nos um convite a não desperdiçar o privilégio de termos Deus connosco, que, na medida em que a Ele aderimos, colocamos os meios, Ele nos ilumina, concorre, isto é; corre connosco, em direcção ao presépio. Neste sentido, podemo-nos inspirar nas palavras do texto: Pela acção do Espírito Santo, avaliai tudo, e conservai o que é bom. Hoje em dia, sabemos que muitas situações e vidas humanas bloqueiam, emperram, porque sem discernimento, nem se avalia o que é devido, menos ainda se fica com o que é bom; na relação com as coisas; com os outros, connosco próprios. E por isso, há o risco de entender o que é bom como algo que corresponde ao orgulho pessoal; egoísta, e não como sendo bom o que quer que seja para nós, mas sempre em relação à comunidade, e em família. O que é bom, não nos isola dos outros; mas antes liga-nos aos outros: na alegria, na paz, no respeito, e até no sofrimento partilhado.
O Evangelho fala-nos de uma personagem de todos nós conhecida: João Baptista. Talvez uma das personagens do Evangelho que mais se tenha notabilizado por saber ocupar o seu devido lugar no mundo, na história, na relação com Deus. João foi um homem grande na justa medida em que não quis ser o que não era; menos ainda ser obstáculos de vida, de acção, de reconhecimento para os outros. E neste contexto, os Outros; concretamente o OUTRO é o próprio Jesus por quem João vem à frente a abrir caminhar, preparar o terreno, e tudo fazer para que a Missão de Jesus se concretizasse. E João percebeu, que a Missão de Jesus, começava com ele próprio. De facto, cada um de nós, desempenha um papel insubstituível para que a missão de Jesus se concretize hoje, aqui e agora.
Hoje, nesta eucaristia, celebramos a missa de 7º dia de alguém que peregrinou no verdadeiro sentido da palavra; para além de uma peregrinação visível, fez a sua longa peregrinação interior; em busca das origens que transcendem o imediato; do sentido que está para além da lógica humana. Este nosso irmão; António Alçada Baptista; que a todos nos une: pela oração da eucaristia; pelos laços da Fé; pelos laços do Espírito Santo; pelos laços de sangue, amizade ou laços de interesses culturais. Por isso, com afecto, saudade, e animadas pela fé, recordamo-lo como alguém, como nós, que não era perfeito, (por isso o trazemos à nossa oração) mas que não viveu como número no meio das massas; antes, intuiu a vida que brota da alma; intui o sentido que se descobre através da busca, da procura; experimentou o afecto que vivido na gratuidade, atrai para a respeitosa relação de uns com os outros. Rezamos e confiamos a Deus alguém que vivia numa saudável insatisfação de ser, e ver mais, compreender melhor, deixar-se implicar sempre; sabendo correr riscos; sabendo que o maior risco é ver o mundo a passar, mas não passar pelo mundo com os olhos na eternidade. O sinal Mais é também o sinal da Cruz e só a Cruz nos leva à maior compreensão da vida, dos outros, das coisas. Que o nosso irmão António, que já contempla o amor de Deus, possa obter d’Ele o seu sorriso, terno, afectuoso, misericordioso; veja, face a face, o sorriso de Deus; ou Deus que sorri. Que com Ele agora, contemple e viva, como amigos que se encontram. Deus é tudo para nós, e é também alguém com quem se pode discorrer; num ameno diálogo; enquanto peregrinamos neste mundo, e um dia na eternidade, já não para buscar sentido, mas para saboreá-lo.
Tudo isto também é advento, e também nos pode levar ao presépio.
Homilia do Padre Francisco Rodrigues,s.j.
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