quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

É Natal... Feliz Natal!


Nesta Noite, celebramos:
O Deus – Menino, o Deus que aprende a falar e andar
Ficaríamos certamente menos surpreendidos, se, nesta noite, Deus tivesse tomado o corpo de algum homem adulto, poderoso, dum senhor de prestígio…Mas não foi assim. Ele tomou a forma de Menino. Ele é o Deus que aprende a falar, apesar de ser o Verbo, Palavra do Pai. É Aquele que deve aprender a andar, mesmo que o Salmo 19, 1-7 diga que “Ele vai dum extremo ao outro do mundo”.
Nesta noite, se celebrássemos o Pai – Natal, que não é o nosso caso, estaríamos longe daquilo que é o essencial, aquilo que conta, a celebração do Deus - Menino, o Deus – Criança - figura da humanidade dependente, que é necessário alimentar, vestir, assistir em tudo…Somente Deus faz maravilhas!…

Nesta Noite, celebramos:
O Deus - Menino, o Deus que se desarma totalmente
Em Deus - Menino, em Deus – Criança, em Deus – Bebé, ousamos dizer, aprendemos que Deus perde, por nós, todo o seu poder. N’Ele, recebemos a possibilidade de tornar-nos “como Deus”, porque Deus se torna “como homem”. Vontade de semelhança e de unidade! Ele se desarma totalmente e se submete às escolhas da nossa liberdade. Ele faz-nos existir, dando-nos todo o poder sobre o mundo, sobre nós mesmos, sobre Ele mesmo: “Maria envolveu o seu Menino em paninhos e o colocou na manjedoura”. É por isso que, nos evangelhos, Jesus multiplica estas palavras: “ se tu queres”…; “aquele que quiser”… Ninguém é forçado a entrar na vontade de Deus. Sabemos apenas que uma criança obedece. Jesus obedeceu até à morte e morte de cruz. No berço, somos convidadas a ser criança, a esta entrega, obediente à vontade de Deus, por amor.

Nesta Noite, celebramos:
O Deus – Menino, o Presente Principal

O nascimento de Jesus foi um nascimento ordinário. Não aconteceram milagres. Para não olharmos de perto o prodígio desconcertante do Verbo de Deus feito criança, nós enchemos o Natal de costumes que desviam a nossa atenção do essencial: o Pai - Natal, os presentes, os confeitos, o réveillon, as luzinhas…. Tudo isso só tem valor se não nos esquecemos do essencial, se os nossos presentes não abafam ou colocam em último lugar o Presente Principal. E qual é o Presente Principal? “um Menino nasceu para nós, um filho nos foi dado” (Isaías); “nasceu-vos hoje na cidade de David um Salvador que ó Cristo Senhor” (Lucas). Ele é a vinda entre nós da “imagem de Deus - Invisível, primogénito de toda a criação”; Ele é a “ graça de Deus, fonte de salvação para todos os homens” (Carta a Tito); Ele realiza as núpcias definitivas de Deus com a humanidade: “o Teu autor te desposará”, diz a Escritura. Com Cristo e em Cristo, somos, com Deus, uma só carne. Em Cristo, somos um só corpo. Com efeito, o corpo da criança do presépio carrega já a humanidade inteira (Santo Agostinho). Por isso, Lucas descreve o nascimento desta criança no contexto dum recenseamento de toda a humanidade; Cristo cidadão do mundo. Mateus faz vir ao presépio os habitantes de longe representados pelos Magos.

Pegaremos ao colo o Menino:
Quando, não considerarmos qualquer pessoa como excluída ou marginalizada: “não havia, para Eles, lugar na hospedaria”.
Quando formos capazes de O adorar com um coração de pobre como os pastores.
Quando formos capazes de escapar ao ruído e bulício em que se converteu Natal para voltar a encontrar, no Presépio, o cumprimento das Promessas de Deus.
Oxalá que Maria, a Mãe do silêncio que guardava todas as coisas no coração, nos comova e nos desperte nesta Noite.
E que José, o homem justo, nos ensine também a virtude da fé de que ele foi exímio.
Apesar de estarmos num mundo meio adormecido, sintamos em nossos corações, uma ternura diáfana e profunda que nos leve a exultar de alegria. Que esta alegria não se confunda com as estridências desta noite mas que saibamos cantar com todo o coração, o cântico dos anjos: “glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens e mulheres de boa vontade…”, esse hino que, cada vez mais, se torna menos perceptível no coração do nosso mundo, um mundo anestesiado, mas sedento de amor. BOAS FESTAS!
Da Homilia do P. José Augusto Alves de Sousa
(Missa do Galo)

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