domingo, 14 de novembro de 2010

LEVANTAI A VOSSA CABEÇA

O Conflito; Mistério da Iniquidade; Inveja - ciúme.
Há um conflito na História da Humanidade concretizado no conflito: homem - natureza, homem - mulher, homem - homem. Para Paulo, é o Mistério da Iniquidade presente no mundo e, para a Bíblia, este conflito tipifica-se no pecado de Adão e Eva, na acusação mútua e na morte de Abel pelo seu irmão Caim. É o conflito: inveja – ciúme, o da vontade de posse, de domínio e de se ser proeminente na sociedade, saltando sobre tudo e sobre todos. Tal conflito está sempre presente. Tudo se passa como se nós transportássemos para fora de nós mesmos a recusa d’Aquele que nos funda que é Deus.
Jesus no Evangelho de hoje apresenta-nos este conflito como profecia e prelúdio do desmoronamento final daquilo que acontecerá. E, no entanto, não é preciso atirar para o futuro o que poderá acontecer. O que poderá acontecer está acontecendo no presente, como nos relata a imprensa de cada dia. Jesus faz a descrição destes acontecimentos: guerras, catástrofes naturais, doenças, fome, fome, perseguições… Trata-se sempre do drama da nossa fragilidade, essa fragilidade que desejaríamos ver terminada porque nos causa medo. Tudo exprime o nosso desejo desmedido de sermos como deuses, à imagem e semelhança do que aconteceu com o primeiro homem. E será assim até ao fim, porque em realidade, estamos implicados e não nos podemos colocar fora do jogo. Sacudidos por novas violência, não temamos recuar e meditar nesse conflito de sempre: inveja – ciúma para o superarmos.
Deus connosco
Mas não pensemos que estes males são castigo dos nossos pecados. Alguns textos parece que indiciam isso mesmo, mas em realidade, isto é apenas para nos assegurarem duma realidade maior. Deus não está ausente das nossas misérias. Não estamos abandonados a forças cegas…Levantai as vossas cabeças…Coincidência do paroxismo do mal com a acção libertadora de Deus. Deus, ao longo, da vida diz-nos: não vos preocupeis com a vossa defesa…nem um só cabelo da vossa cabeça cairá…
Atirar a Deus fora? O véu do Templo rasgado e o lado de Cristo aberto
Apesar das tentativas diversas de querermos atirar a Deus fora do nosso mundo, mesmo assim, encontramos a Cristo na cruz, vítima dos nossos pecados. Mesmo que tenhamos atentado tantas vezes em destruir o Templo do seu corpo, Ele ressuscita...
Nem com o véu do templo rasgado e com o lado de Cristo aberto e dilacerado, nem assim atiramos a Deus fora do mundo, pois o véu do Templo rasgado e Cristo dilacerado escondem e significam o mistério do amor que se entrega até ao fim. Por nós, Cristo morre e o túmulo se fecha sobre ele, mas brilha o Sol de justiça para nós que queima os nossos vícios. Não acreditemos quando nos dizem: ele está aqui ou acolá, Cristo está em toda a dor humana. Não podemos, por isso, anunciar uma data para o fim do mundo. O fim está sempre connosco e nos circunda. São os últimos tempos, os do Emanuel, do Deus Connosco. Para chegar a crer verdadeiramente nisto, é necessário pôr de lado, todos os apoios e acreditar na Palavra. Os templos que nós construímos, caiem como caiu o Templo de pedra de Jerusalém e ficou o Novo Templo. Cristo Jesus.
P. José Augusto Alves Sousa, sj

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