Giotto
«Eu sou a ressurreição e
a vida. Quem acredita em Mim, ainda que tenha morrido, viverá; e todo aquele
que vive e acredita em Mim, nunca morrerá. Acreditas nisto?». Disse-Lhe Marta:
“Acredito, Senhor, que Tu és o Messias, o Filho de Deus, que havia de vir ao
mundo”. Jesus comoveu-Se profundamente e perturbou-Se. Depois perguntou: «Onde
o pusestes?». Responderam-Lhe: “Vem ver, Senhor”. E Jesus chorou». (Jo. 11, 1-
45 extratos)
Chora,
porque eram amigos. E reza: “Pai,
dou-te graças. Sempre me ouves”. Por fim, aproximando-se do sepulcro,
brada: “Lázaro, sai para fora”.
É
fortíssimo o grito de Jesus. Ainda podemos ouvir o seu eco. De pé, diante de
uma existência sem futuro, de um corpo já em decomposição, Jesus chama, de
novo, à vida: “sai para fora”. ‘Deixa o sepulcro onde te encontras, as trevas
que te cobrem; larga a morte que te ata, o medo que te paralisa; levanta-te e
anda. Vem à luz. Vai. Vive.
Da
morte à vida, esta é a grande passagem. Desde que nascemos. Para todos. Para
cada um. Do medo à confiança. Da separação ao encontro. Da insensibilidade à
atenção. Da frieza à ternura. Do ressentimento ao perdão. Da fraqueza do pecado
à fortaleza da graça. Estranhamente, querendo a vida, ligamo-nos ao que nos
traz a morte. Querendo o bem, fazemo-nos mal
Fazendo
caminho connosco, Jesus faz-Se passagem, Ele, nossa Páscoa. Livremente,
adianta-se e segue à frente. Dará tudo para que vivamos. Dará a própria vida.
E, assim, vencerá todas as nossas mortes, enxugará todas as nossas lágrimas.
Aceitará descer, ele próprio, a todos os sepulcros para que, quem está morto,
reaprenda a viver e viva para sempre.
Que esta Quaresma nos
ensine o caminho de Jerusalém. E deixemo-nos morrer. A terra que somos será
nova quando o milagre da vida irromper.
P.
José Frazão, sj (adaptação)
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