domingo, 8 de novembro de 2009

XXXII Domingo do Tempo Comum

Jesus sentou-Se em frente da arca do tesouro a observar como a multidão deitava o dinheiro na caixa. Muitos ricos deitavam quantias avultadas. Veio uma pobre viúva e deitou duas pequenas moedas, isto é, um quadrante. Jesus chamou os discípulos e disse-lhes: «Em verdade vos digo: Esta pobre viúva deitou na caixa mais do que todos os outros. Eles deitaram do que lhes sobrava, mas ela, na sua pobreza, ofereceu tudo o que tinha, tudo o que possuía para viver».
(Mc 12, 41-44)

O DOM

ENTÃO um homem rico disse:

- Fala-nos do Dom.

E ele respondeu:

- Dais muito pouco,
quando dais daquilo que vos pertence.

Quando vos dais a vós mesmos
é que dais realmente.

Que é aquilo que vos pertence,
senão coisas que conservais ciosamente,
com medo de vir a precisar delas amanhã?

Há quem dê com alegria,
e esta alegria é a sua recompensa.

Há quem dê cheio de dores,
e essas dores são o seu baptismo.

Há ainda quem dê, inconsciente, da sua virtude,
sem nisso sentir dor nem alegria.
Dão como os mirtos do vale
que a espaços atiram para o céu
o seu perfume.

Procurai primeiro
merecerdes ser doadores
e instrumentos de doação.

Porque, em verdade,
é a vida que dá à vida,
e quando julgais ser doadores,
sois apenas testemunhas.

E vós que recebeis
– e todos sois recebedores –
não atireis para cima de vós
o peso da gratidão,
sob pena de impordes um jugo
a vós mesmos e àquele que dá.

Mas elevai-vos
juntamente com o doador,
usando os dons como asas.

Porque ligar demasiada importância
à vossa dívida
é duvidar da sua generosidade,
que tem por mãe a Terra magnânima
e Deus como pai.

Excertos de um poema de Khalil Gibran
in “O Profeta”

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