Jo
1,29-34: “Eis o Cordeiro de Deus…”
Este é um novo e forte testemunho
de João a favor de Jesus, com a particularidade de evidenciar a validade/ a
importância de Jesus para todos os tempos, para todos os lugares e pessoas.
Jesus caminha em direcção a João Baptista, sem que ele saiba de onde vem e
porquê vem ter com ele. Nesta sessão João testemunha em favor de Jesus de modo
absoluto e total.
Jesus é apresentado
como o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, como aquele que baptiza com
o Espírito, como Filho de Deus. São 3 aspectos fundamentais da vida de Jesus e
portanto também do cristianismo. Encontramo-nos diante de uma confissão de fé
colocada na boca de João Baptista. Encontramo-nos diante de um grande nível de
profundidade teológica.
Cordeiro
de Deus. A que
coisa se faz referimento com este título? Que coisa significa? Vamos enumerar brevemente
algumas possibilidades:
1. Referimento ao Cordeiro Pascal (Ex 12)
sacrificado pela ocasião da Festa Judaica da Páscoa, e que tinha um aspecto e
carácter expiatório.
2. Uma alusão aos cordeiros que, cada dia,
eram sacrificados no templo de Jerusalém (Ex 29, 38-46).
3. Indicação do capro sobre o qual, com a
imposição das mãos, se descarregavam os pecados do povo, e que depois conduzido
ao deserto e abandonado (Lv 16, 21-22).
4. Menção ao cordeiro, quando são descritas
as características do servo de Yavhé (Is 53,7).
5. Recordação do cordeiro, que é uma parte
importante entre as imagens apocalípticas (por exemplo Ap. 14,1) e que
representa o Messias que purifica o seu povo.
Dentro
desta multiplicidade de possibilidades, por qual optar? Tendo em conta o
contesto geral do quarto Evangelho – que se interessa de modo particular pela
Festa da Páscoa e que apresenta Jesus como o verdadeiro Cordeiro Pascal, a
primeira das possibilidades apontadas acima seria a mais provável, sem excluir
as outras, e particularmente aquela do cordeiro mencionada na descrição do
Servo de Yavhé, de Isaías.
Contudo
seja qual for a proveniência desta imagem, que não é assim tão importante (a
proveniência) não pode condicionar o significado da mesma. Trata-se de facto do
cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. O título implica o significado
escatológico decisivo daquele que o leva e que é apresentado como o portador de
Salvação, porque tira o pecado do mundo. Neste sentido pensamos no poder
expiatório – eliminador da culpa – da morte de Jesus.
Encontramo-nos perante um título
“existencial”: que diz e oferece ao homem alguma coisa de que ele tem falta;
apresenta Jesus como Aquele que responde a uma profunda necessidade humana.
Este
pequeno brando, através do testemunho do Baptista, coloca em relevo e justifica
ao mesmo tempo a eficácia do Cordeiro, apresentado na função de purificar o
homem. E fá-lo colocando 3 razões essenciais: a sua preexistência colocado em
ressalvo no prólogo do evangelho Joanino: “antes
de mim”; a presença do Espírito n’Ele de um modo permanente “vi o Espírito… descer sobre Ele”, e a
sua filiação divina “dou testemunho que
Ele é o Filho de Deus”.
Jesus é o Filho de
Deus, o Salvador que quer estender a salvação até aos confins da terra. É o
Messias esperado das nações. É o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo,
como rezamos antes da comunhão, na Eucaristia diária.
Jesus vem trazer o
dom de Deus, o Espírito Santo. Cada um de nós é apenas uma voz, e devemos
apenas ocupar o nosso lugar e apontar para Ele, anunciá-Lo, segui-Lo. Esta é a
nossa missão!
P. Herminio Vitorino, sj