a palavra que
sai da boca de Deus» (Mt 4,4)
Antes de dar início à sua vida pública,
Jesus, retira-se para o deserto. É o lugar do silêncio e da compreensão das
coisas à luz de Deus. Ali se purificam os desejos e se fortalece a vontade.
Jesus reza. Jejua. A sobriedade o ajudará
a ter presente o essencial da sua vida, a vontade do Pai.
Mas o silêncio pode ser duro, ser filho
não é ter tudo do Pai? E Jesus é tentado e posto à prova.
“Se és Filho de Deus…” Apodera-te, usa
para ti mesmo as coisas, tira proveito.
“Se
és Filho de Deus…” Exibe-te, brilha, faz-te admirar por todos.
“Tudo
isto te darei se…” Domina, conquista o poder, vende a tua filiação.
O Evangelho abre-nos uma janela para o
coração de Jesus, confrontado na sua filiação. O fascínio do ter, da glória e do poder,
também o tocaram como uma possibilidade. Porém, Jesus não cede ao encanto do
mais fácil.
Ser
Filho é
receber até ao fim o pão e a vida que o Pai lhe der, é viver o amor que gera
vida, não é exibição de si mesmo. E então reafirma que só Deus é tudo! Não quer
outro caminho. E não haverá cedências. Antes perder a vida.
Será possível viver assim, como Jesus?
Pobreza, humildade, serviço: não é opção para fracos? Não será excessiva
ingenuidade, num mundo tão “esperto”? Sim, parece difícil. Mas o Senhor
mostra-nos que é possível. E repete-nos, uma e outra vez: “quem quiser
seguir-me…” Que este tempo de Quaresma nos mostre o caminho do deserto, onde
Jesus nos dará o pão da Palavra e do silêncio, onde o coração saberá encontrar
o silêncio que regenera e reinventa a vida. Lá, o silêncio fará de cada coração
uma fonte de onde pode jorrar a verdade de Deus.
(P. J.F. sj - adaptação)
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