«Eu creio, Senhor». (Jo 9, 38)
Jesus
toca os olhos ao cego e o cego passa a viver de uma luz nova. Nascera assim.
Mas, como se não bastasse ter que viver privado de luz, de cores e de formas,
pesava sobre si uma terrível culpa. Desde cedo lhe disseram que era cego porque
alguém tinha pecado. Ele próprio? Os seus pais? Os seus avós? Alguém,
seguramente.
“Isto
não tem nada que ver com os pecados dele ou dos pais”, é Jesus quem o assegura.
Porque a glória do Senhor manifesta-se, não em qualquer forma de castigo, mas
quando a luz volta a brilhar para quem dela ficou privado e quando, quem
deixara de ouvir, pode apreciar, de novo, o gosto das palavras; manifesta-se
quando os paralíticos reaprendem a viver de pé e as pessoas de má vida
recuperam a própria dignidade; quando os tristes retomam confiança e os
desesperados reencontram um novo horizonte. Na verdade, o desejo mais íntimo de
Deus é que, para cada homem e para cada mulher que venha a este mundo, a vida
brilhe e brilhe muito.
Jesus
toca o cego. E este, profundamente tocado, ajoelha-se e confessa: “Eu creio, Senhor”. Agora, sim, pelo dom da fé, recupera
plenamente a vista. Pode levantar-se com confiança e apreciar a vida e o mundo,
reflexos extraordinários da beleza divina.
Que nesta Quaresma o Senhor nos conceda a graça de nos abrir os olhos, para
podermos dizer, como o cego “Só
sei uma coisa: eu era cego e agora vejo!” (Jo 9, 25)
P.
J. Frazão, sj (adaptação)
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