UM JARDIM TODO FLORIDO E CHEIO DE VIDA.
Um jardim florido e todo
cheio de vida é o nosso mundo, embora pensemos o contrário. Não é simplesmente
mundo, mas cosmos, que quer dizer um
mundo ornamentado, criado por Deus. Ele disse e continua a dizer que tudo é
muito bom. É, neste mundo assim que os homens dos ambientes rurais, pegam na
enxada ou manobram o tractor, para revolver e cultivarem a terra, colhendo dela,
saborosos frutos que se transformam em deliciosos manjares, quando passam pelas
mãos de nossas mães carinhosas que se esmeram para que tudo seja belo e bom.
Colhemos os frutos frescos que a terra nos dá. E toda a gente saboreia as boas
frutas, o bom vinho e a leveza do bom azeite!.. Pela Primavera e verão corremos
para as romarias, celebramos a festa do padroeiro, com música e bons comes e
bebes. É tudo um mundo em festa, um jardim de vida que salta à vista. E, deste
mundo rural, damos um salto até às cidades e, então, aí, quantos expressões de
vida, nas ruas movimentadas, nos teatros, nos cinemas, nos campos de futebol…
O
ESPECTÁCULO DA MORTE
E, no entanto, neste jardim da vida
entra também a MORTE que desafia a VIDA e, mais tarde ou mais cedo, acaba por aparentemente
vencer. Nas aldeias, toca o sino grande que ecoa por vales e serras e nos traz
uma má notícia, muito contrária à dos sinos mais pequenos que tocam os aleluias
no dia da festa da Páscoa. E, de boca em boca, passa a notícia. Quem morreu hoje? Ficamos a saber que
morreu tal e tal, uma notícia célere que invada toda a aldeia. Nas grandes
cidades, deparamo-nos com um carro da funerária e nele vai alguém que nos
deixou, embora, para nós, seja um anónimo…A morte passa pelos indivíduos pelas
colectividades e pelas mesmas instituições. Tudo está sob o seu domínio. Todo o
humano está condenado a morrer. E quanto mais florescente é a vida, mais trágico
é, por vezes, o espectáculo, quando a morte passa, como por um campo de batalha.
A vida é uma luta sem tréguas contra a morte. Comer beber e cuidar-se são
operações que poderíamos chamar tácticas que não afastam para longe a morte. Os
pequenos e grandes cemitérios estão bem à vista nas nossas aldeias e cidades e
sobre eles se levanta dominadora a morte. Mas será mesmo assim!..
A
VIDA VENCE A MORTE
Também sobre os cemitérios se levanta a
vida, porque o destino do homem não é nem pode ser a morte. O seu destino é a
vida. Nada mais certo para o homem que a necessidade da morte, mas nada mais
certo para o cristão que a existência da vida depois da morte: “o que crê em
mim ainda que morra viverá”(Jo.11,25). Esta palavra de Jesus pronunciada numa
ocasião solene, antes de despojar a morte de sua presença na pessoa de Lázaro,
é a premissa e o argumento da ressurreição de todos os crentes.
“Não se perturbe o vosso
coração. Na casa de meu Pai há muitas moradas”. A misericórdia do Senhor não
termina e não acaba A sua compaixão envolve-nos desde a manhã e pela noite
fora, como um manto de luz. Esta profissão de fé que se encontra no livro das
Lamentações recolhe os grandes atributos com que Deus se apresenta a si mesmo a
Moisés (Ex.34, 6-7).
“Pai nas tuas mãos entrego o
meu Espírito”. O texto das Lamentações recolhe o lamento de um homem esgotado,
cansado, próximos dos umbrais da morte. Mas este homem, assim abatido, não cai
no desespero numa vida sem esperança. Nesta situação difícil não deixa de
confiar em Deus (Salmo 102). Como Jó: “eu creio que o meu Redentor vive”.
Confiança num Deus misericordioso e fiel que ao longo da Bíblia nos confirma que
não abandona os seus Filhos.
COMEMORAÇÃO
DE TODOS OS FIÉIS DEFUNTOS. DE QUE FAZEMOS MEMÓRIA? Certamente
que fazemos memória dos nossos mortos, familiares e amigos mas a nossa oração estende-se
também a todos os homens e mulheres que nos precederam. Devemos ainda fazer
memória sobretudo do nosso baptismo que anda associado à morte. Este dia dos
fies defuntos é uma recordação especialmente difícil, mas neste dia. em que
recordamos os nossos irmãos defuntos, não esqueçamos a recordação do nosso
baptismo como recomenda o Apóstolo Paulo na Carta aos Romanos 5,3-9. Aqui,
Paulo lembra a vinculação entre a morte e o baptismo. Ao baixarmos às águas baptismais
nos unimos à morte de Cristo e à esperança da sua Ressurreição. Não é em vão
que nos funerais, há muitas coisas que recordam o nosso baptismo, o manto que
cobre a urna, o Círio Pascal que se acende durante a cerimónia litúrgica, a
aspersão com a água benta. É bom que estas cerimónias evidenciam aquilo em que acreditamos
e que não se transformem num acto de magia. E acreditamos que a morte ao pecado
como acontece no dia em que recebemos o baptismo nos une à vitória de Cristo
sobre o mal. Se morremos com Cristo, acreditamos que também viveremos com Ele;
pois sabemos que Cristo uma vez ressuscitado de entre os mortos já não morre. A
morte já não tem sobre Ele qualquer domínio.
PALAVRAS
RECONFORTANTES
Consolemo-nos uns aos outros com as palavras
da Liturgia deste Dia. Saber consolar é dom do Espírito Santo que é Espírito
consolador. Morreu…Não sabemos bem onde o puseram…Não sabemos bem o que é feito
dele ou dela, mas confiamos no Senhor que tem palavras de vida eterna. A ti que
choras, se me amas, não chores. Se pudesses ver e ouvir o que eu agora vejo, a
luz que tudo invade e penetra, certamente que apagarias tuas lágrimas com esse
lenço de luz…Estamos nas mãos de Deus. Seguimos-te porque te queremos mas não
sabemos como encontrarmo-nos contigo. Eu marcarei um encontro com Cristo e tu
estarás certamente presente e convida, da minha parte, a tua e minha Mãe, a
Virgem Maria!...
P. José Augusto Alves de
Sousa S.J.
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