«Se a tua única oração na vida for "obrigado",
isso bastará (Mestre Eckhart)». A gratidão não é apenas uma atitude de louvor,
é também o elemento básico de uma verdadeira crença em Deus.
Quando inclinamos as nossas cabeças
em sinal de gratidão, reconhecemos que as obras de Deus são boas. Reconhecemos
que não podemos salvar-nos por nós próprios. Proclamamos que a nossa existência
e todas as coisas boas que ela tem, não vêm do nosso expediente, fazem parte da
obra de Deus. A gratidão é o aleluia à existência, o louvor que ressoa através
do Universo, como um tributo à presença de Deus, constante entre nós, incluindo
neste momento.
Obrigado por este novo dia.
Obrigado por este trabalho.
Obrigado por esta família.
Obrigado pelo nosso pão de cada dia.
Obrigado por esta tempestade e pela
humidade que ela traz à terra seca.
Obrigado pelas correções que me fazem
crescer.
Obrigado pelas flores silvestres que
dão cor à ladeira.
Obrigado pelos animais de estimação
que nos unem à natureza.
Obrigado pela necessidade que me
mantêm vigilante em relação à tua generosidade na minha vida.
Sem dúvida, a gratidão ilimitada
salva-nos do sentimento de autossuficiência, que nos leva a esquecermo-nos de
Deus.
O louvor não é uma virtude ociosa na
vida. Diz-nos: «Lembra-te de Quem és devedor. Se nunca tiveres conhecido a
necessidade, nunca virás a conhecer Quem é Deus nem quem és tu.»
A necessidade testa a nossa
confiança. Dá-nos a oportunidade de permitir que os outros nos apoiem nas
nossas fraquezas, dando-nos conta que, no fim, só Deus é a medida da nossa
plenitude.
Quando conhecemos a necessidade,
somos melhores seres humanos. Pela primeira vez, conhecemos a solidariedade
para com os mais pobres dos pobres. Fazemos nossa a dor do mundo e devotamo-nos
a trabalhar em favor daqueles que sofrem.
Finalmente, é a necessidade que nos
mostra que é preciso muito pouco para se ser feliz.
Mal percebemos todas estas coisas,
encontramo-nos face a face, tanto com a Criação, como com o Criador. É um
momento de aleluia em que descobrimos Deus e a sua bondade para connosco.
Aprendamos a vir à oração com um
coração de aleluia, para que ela possa ser sincera.
Joan Chittister
In O sopro da vida interior, ed. Paulinas
In O sopro da vida interior, ed. Paulinas
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